Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.
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Conscientização e cidadania, precisamos ver por aqui

- 13 de março de 2012

Quem conhece este blog sabe que devido ao acidente que há mais de 14 anos mantém minha filha em coma, venho tentando aqui  conscientizar as pessoas para o perigo existente nos ralos de piscinas, cuja sucção tem levado muitas crianças e adolescentes à morte. Quem conhece este blog sabe quão insistente tenho sido na busca de uma LEI FEDERAL para a segurança nas piscinas do Brasil.

A lei  de segurança nas piscinas é importante, muito importante. No entanto, só a lei não basta para evitar que os acidentes causados pela sucção dos ralos das piscinas continuem a fazer vítimas, a maioria fatais. É preciso que todos nós, as  autoridades e a  midia  nos conscientizemos de que podemos fazer algo para mudar esta realidade em nosso país, seja fazendo, implementando e aplicando leis de forma rigorosa, seja divulgando acidentes e formas de evitá-los, seja entendendo que se cada um de nós fizer a sua parte, poderemos sim, mudar esta cruel realidade dos acidentes de afogamento causados pela sucção dos ralos de piscinas. A responsabilidade, assim como esta causa, é de todos nós. Não basta nos indignarmos cada vez que soubermos do afogamento e  morte de mais uma criança sugada pela sucção do  ralo enquanto brincava alegremente em uma piscina de residência, condomínio, clube, escola de natação...

Enquanto essa conscientização não ocorrer, fica-se em suspense. A qualquer momento, um novo afogamento e morte causados pela sucção dos ralos das piscinas vai acontecer, nos entristecer e nos chocar, principalmente tendo em vista que  essa é uma tragédia que vem sendo anunciada. Há tempos.

O texto abaixo escrito por António, amigo e leitor do blog de Flavia, reflete bem esta situação que pode mudar, dependendo apenas de nossas atitudes. E claro, de conscientização e cidadania.

Indiferença.
Mais uma vítima.
Deixa andar.
Mais uma vítima.
Logo se verá.
Mais uma vítima.
Há outras coisas.
Mais uma vítima.
É preciso estudar.
Mais uma vítima.
Lamento.
Mais uma vítima.
Prometo.
Mais uma vítima
Isto é complexo.
Mais uma vítima.
Mais tempo?
Mais vítimas!
Até quando?
Até quando?
Até quando?
Eu já escrevi!
Eu já insisti!
Eu já reclamei!
E tu?

António Peciscas (Portugal)

Esperar: É só o que nos resta fazer?!

- 3 de agosto de 2009
Leila Jalul
Cronista acreana

As mães que o digam o quanto vale e pesa uma barriga até que chegue o grande dia da rebentação. No ontem, sem o auxílio luxuoso da tecnologia, além da barriga, o peso da espera para a utilização dos tons rosados e azuis dos enxovais. Seria Maria? Seria João? Tudo era mistério até que se ouvisse o brado forte do chorão ante o impacto com o mundo exterior. Uma palmada no bumbum e... buá!!!

Agora é diferente. Tudo se planeja e organiza. Até se escolhe os conselhos zodiacais para a marcação da data da concepção. Tudo vale a pena quando o assunto é vida. A maior espera é compensada, principalmente se não houver um atrapalho por caso fortuito ou força maior. Vida que chega, apaga o sacrifício da espera e os desconfortos do esperar.

Difícil é aguardar o que ficou de chegar e não se pode prever quando. Angustiante é ficar na dependência de terceiros para a solução de questões fundamentais para que se continue a vida ou se alivie as dores do viver. É de causar revolta quando se constata a lentidão da justiça, principalmente quando se trata de reconhecer direitos dos cidadãos comuns. Mais revoltante, ainda mais, é ver sentenças judiciais sendo descumpridas, numa afronta ao poder constituído. Vivemos num país que precisa de heróis, que não reconhece o direito adquirido e nem respeita os atos jurídicos perfeitos e as sentenças transitadas em julgado. Uma lástima!

Aposentados esperam a morte sem que recebam o que lhes foi usurpado quando ainda produtivos. Estão aí os benditos precatórios se arrastando por anos a perder de vista. Os noticiários mostram o descaso e a inépcia para com aqueles que ajudaram a construir o país. O Poder Judiciário cala-se. Recorrer a quem?

Não penso num texto com citações. Não. Dispo-me de qualquer titulação. Apenas reflito a barafunda do sistema brasileiro, com tantos recursos, com tantos renomados, com tantos luxuosos escritórios, com tanta roubalheira, onde se encostam os que não podem pagar os convites da festança? Pode um cristão de classe média baixa pagar pelos desagravos e agravos, principalmente quando da sentença pede-se a continuidade de apenas poder sobreviver?

Agora, quando escrevo, não penso apenas no caso de Flávia. Neste, já houve sentença condenatória, se não de todos, sacrificando, pelo menos o menor dos culpados: o condomínio, principalmente se o sistema instalado já veio no pacote da Jacuzzi. Salvou-se a mãe, pelos tribunais paulistas julgada co-responsável no acidente, como se tivesse praticado abandono de incapaz. A menina brincava numa piscina rasa, aparentemente inofensiva, na companhia do irmão e de mais dois adolescentes e, não fosse o ralo inapropriado, estaria ilesa. Eximiu-se a responsabilidade do maior dos responsáveis. E assim acontece em muitos outros episódios e em situações onde quem pode pagar mais, pode tudo. De pronto pode-se constatar: ou o esperneador contenta-se com a sentença, ou vai esperar por mais vinte anos para que se faça valer o que muitos pensam que deveria. Para que servem os agravos? Para que serve o dinheiro? Para que servem os escritórios de luxo dos renomados?

Num apanhado de fatos recentes, o moço negro, dentista, morto pela polícia paulista, sem medo de errar, não teve o mesmo tratamento dado às celebridades, tipo artistas em evidência na mídia ou tipo velhos conhecidos políticos com seus atos secretos. O tratamento não é o mesmo. Nem no tocante ao tempo do processo, muito menos, quando é o caso, no da indenização. Parece que todos se rendem ao mais forte, aos poderosos e sem se lixarem para o senso crítico dos que de perto acompanham os descalabros.

Agora, quando escrevo, não penso apenas no caso de Flavia, mas não há como não ver nesta menina um exemplo de como é falha a nossa justiça. O que desejamos, - porque é nosso direito - é que a justiça não faça diferença entre o negro e o branco, entre o pobre e o rico, entre o anônimo e a celebridade. Desejamos, porque é nosso direito, que a justiça seja célere e que se faça não em parte, como ocorreu no caso de Flavia, mas que a justiça se faça sempre por completo.

Leila, MUITO OBRIGADA por sua colaboração para o blog de Flavia. E como você bem diz:

“Angustiante é ficar na dependência de terceiros para a solução de questões fundamentais para que se continue a vida ou se alivie as dores do viver”.
Sim Leila, é angustiante.
Até o próximo post.

AGF Brasil seguros antecipa-se ao Diário oficial

- 23 de julho de 2009
Como muitos devem saber, o pagamento de qualquer indenização determinada por sentença judicial, só se efetiva, ou seja, só ocorre de fato, quando a decisão judicial é publicada no Diário Oficial da União. E até agora a sentença do processo de Flavia, ocorrida em 03 de Março de 2009, não foi publicada oficialmente.

Pouco depois de ter sido condenada pelo Superior Tribunal de Justiça em Brasília, por danos morais, mais pagamento de correção monetária e juros de mora, por não me ter pago - na devida ocasião - o seguro existente no condomínio onde Flavia sofreu o acidente, mais de onze anos atrás, a AGF Brasil Seguros resolveu antecipar-se - o que é louvável - à publicação no Diário Oficial do que foi decidido em Brasília, quanto à sua condenação.

O requerimento, de teor acordado e assinado pelas partes, foi protocolado em Brasília, sob nr.00166.159 nesta terça-feira, dia 21.07.2009. A AGF Brasil Seguros – comprometeu-se a efetuar o pagamento que lhe foi imposto pelo Superior Tribunal de Justiça, no prazo máximo de 10 dias contados da data do protocolo do requerimento.

Até o próximo post.

NOTA: Menos de um dia após a publicação deste post, a AGF Brasil Seguros, efetuou o pagamento do valor devido.

Flavia, ave sem asas, mas que voa longe, longe...

- 20 de julho de 2009
O poema deste post, dirigido à Flavia, me foi oferecido por Ana Martins, autora do blog AVE SEM ASAS, de Portugal, um país onde eu e Flavia temos muitos amigos e para estarmos juntos, num instante, basta atravessar o mar.

Ana se colocou no meu lugar ao escrever este poema e me comoveu. Me comovem sempre as demonstraçoes de solidariedade e afeto para comigo e minha filha. Amor, amizade, carinho, afeto e solidariedade podem não eliminar a dor "tatuada na alma", mas certamente a torna mais suportável.
"AMO-TE TAL COMO ÉS!

Olhando o teu corpo imóvel e esbelto,
As mãos tremulas segurando nas tuas
Viajo no tempo em que tudo era certo
Esquecendo sem ver o mudar da Lua.

A vida para ti foi madrasta cruel,
Te levou sem pudor toda a alegria
E agora amor o teu viver reflecte
No escuro que preenche o teu dia-a-dia.

O Sol lá fora nasce e se põe,
Brilha sem dores aqui e ali,
Mas o sono que te invade não quer e não tem
A força da vida que vivia em ti.

Tão profundo é o sono que te envolveu,
Que desabrocham e murcham todas as açucenas,
Mas tu minha filha não desfazes o véu
Que forte te impede de ser quem eras!
Ana Martins
Escrito a 16 de Julho de 2009.

Dedico com muito carinho e admiração a
ODELE que ao longo de 11 anos tem cuidado e lutado pelos direitos da sua querida Filha FLÁVIA."
Ana, muito obrigada por seu bonito poema, para mim e Flavia - um presente precioso, inesquecível.

Boa semana a todos e até ao próximo post.

Estado de coma: Por que nem todos retornam...?

- 5 de junho de 2009
Flor feita para Flavia, por Alice Matos, do blog Pensamentos (Portugal)

Algumas pessoas me escrevem dando sugestões de como agir com Flavia para que ela saia do estado de coma em que entrou há mais de 11 anos. Ah! se soubessem como tenho tentado esse retorno de minha filha. Ah! se soubessem o quanto lamento que amor de mãe não tenha tanto poder quanto eu pensava ter.

Leio tudo que posso sobre o estado de coma, sobre pessoas que estão em coma e sobre aquelas que felizmente recobraram a consciência. Não são muitas. O recobrar da consciência de uma pessoa que entrou em coma é algo complexo e infelizmente não depende apenas dos cuidados que mantemos com a pessoa, nem dos estímulos que lhes proporcionamos, embora esses estímulos sejam benéficos e os cuidados, obviamente, obrigatórios. Mas esse retorno do coma é algo misterioso, e infelizmente não acontece com frequência, com quem já está assim há muitos anos.

No último dia 31 de Maio saiu uma matéria no jornal Folha de São Paulo, sobre uma moça que sofreu um acidente de carro e que segundo a matéria, devido aos estímulos feitos por sua mãe ela retornou do coma. Acredito que algo além dos estímulos da mãe tenha colaborado para que essa moça saísse de seu estado de coma.

Sobre o estado de coma aprendi que nenhuma lesão cerebral é igual a outra o que faz com que cada pessoa tenha seqüelas diferentes e consequentemente sua eventual recuperação também. No caso de Flavia, faço massagens diariamente em seu corpo, braços, mãos e pés. Coloco músicas para ela ouvir, às vezes no pequeno aparelho de som de seu quarto, ou gravo músicas especialmente para ela e coloco em seu Ipod, bem baixinho em seu ouvido. Este procedimento de colocar música ou mensagens gravadas deve ser feito com critério para não cansar a pessoa. Há momentos que ela precisa ficar quietinha mesmo. O bom senso deve sempre prevalecer.

Além disso, em sua cadeira de rodas especial, levo Flavia para passear na área de lazer do prédio onde hoje moramos e onde encontramos alguns vizinhos e crianças que por vezes se aproximam. Por exemplo, Laura de 6 anos, é uma menina adorável, que tem sempre uma palavra de carinho para Flavia. E tem também a Mariana de 7 anos, que ao passar sempre diz "Oi Flavia!"

Há relatos de pessoas que estiveram em coma e ao recobrarem a consciência, disseram ter ouvido e entendido tudo que falavam à sua volta. E o filme FALE COM ELA de Almodóvar mostra uma mocinha que retornou do coma porque seu enfermeiro conversava muito com ela.

Eu também converso muito com Flavia, canto para ela, leio livros e mensagens que nos enviam. Falo de nossos novos amigos virtuais, conto histórias de sua infância, mencionando o nome de suas amiguinhas, e pessoas que ela amava. Nos primeiros anos, após o acidente que a deixou em coma, eu tinha uma esperança quase insana de que ao ouvir um desses nomes queridos, Flavia acordasse. Hoje, continuo lhe proporcionando estímulos de toques e auditivos, mas com o objetivo de tirar Flavia do silêncio e da solidão desse longo e misterioso estado de coma em que minha filha entrou, mistério esse que nem o meu amor de mãe conseguiu até hoje desvendar.

Até o próximo post.

Revista da Folha: "Esperança no ralo"

- 24 de maio de 2009
...”Dispositivo de R$ 200 pode evitar tragédia.”

A Revista da Folha, do jornal A Folha de São Paulo deste domingo, traz uma matéria sobre acidentes com ralos de piscinas e mostra o caso de Flavia, além de outros acidentes ocorridos aqui no Brasil pelo mesmo motivo: A forte sucção do ralo da piscina.
Atendendo à solicitações, transcrevo aqui na íntegra o texto da Revista da Folha.

Odele cuida de Flávia, em coma vegetativo, no quarto adaptado
Reportagem de Cláudia Garcia, foto de Leonardo Wen

"Três meses depois de Flávia Souza completar 21 anos, sendo os últimos 11 imóvel em uma cama, a família da jovem venceu uma primeira batalha: contra a impunidade. Em março, o Superior Tribunal de Justiça responsabilizou o condomínio Jardim da Juriti, em Moema, pelo acidente no qual a então adolescente (*) teve os cabelos sugados pelo ralo da piscina, enquanto brincava com o irmão.(*) Aqui há um equivoco na matéria. Flavia não era adolescente à época do acidente, era uma criança de 10 anos.
A AGF Brasil Seguros também foi condenada, em última instância, pelo atraso de um ano e 11 meses no pagamento da indenização. “Por causa do recebimento atrasado do seguro, eu tive de fazer bingos e rifas para pagar as contas da minha filha”, relata Odele Souza, mãe de Flávia. A jovem completou a maioridade sem dar sinais animadores de que vai sair do estado vegetativo.
Flávia vive em um quarto adaptado à sua condição, com uma estrutura própria de enfermagem e fisioterapia, sob o olhar atento da mãe. “É dessa forma que as deformidades causadas pelo longo tempo de imobilidade vão sendo contidas”, explica a mãe. A fisioterapia evita maiores perdas de massa muscular e atrofiamento de membros. “Ela consegue escutar e reage à dor, ao barulho e ao toque.”

Odele relata as angústias cotidianas do drama de mais de uma década no blog (http://flaviavivendoemcoma.blogspot.com/). Como rotina, Flávia tem o nariz aspirado entre oito e dez vezes ao dia para se livrar das secreções que se formam nos pulmões, causadas pelo longo tempo acamada. Outra sequela é a dificuldade na deglutição. Flávia é alimentada por uma sonda que conduz o alimento diretamente ao estômago. Ela recebe cuidados de higiene corporal e oral especiais.
Precauções. Esse tipo de tragédia pode ser evitada. Existem no mercado equipamentos capazes de impedir o entrelaçamento dos cabelos no ralo das piscinas. No caso do acidente com Flávia, a potência do motor era inadequada ao tamanho da piscina. A perícia apontou que a bomba tinha uma velocidade 78% superior à recomendada.

O acidente começou a se desenhar no condomínio onde a família morava na época, quando o síndico -após uma reunião com moradores que se queixaram da temperatura da água- pediu ao zelador para trocar o equipamento da piscina.
Para Odele, “o síndico foi negligente”, pois era uma “tarefa para um técnico ou um engenheiro”. O valor que o condomínio terá de pagar à família da vítima ainda não foi estimado.
Procurados pela Revista, representantes do condomínio não quiseram se manifestar. A AGF Brasil Seguros, condenada por danos morais causados à família de Flávia, informou que está “analisando o caso para tomar as devidas providências”.

A condenação é um alerta para moradores e condomínios. “A conscientização dos pais, dos zeladores e dos próprios porteiros sobre os perigos nas piscinas é uma das precauções tomadas por nós”, afirma Márcio Rachkorsky, presidente da Associação dos Síndicos de São Paulo.
Na hora de fiscalizar, é importante saber que piscinas devem ser construídas seguindo padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Valter Saes, presidente da Saes, empresa prestadora de serviços técnicos, diz, no entanto, que o morador não tem como saber se a piscina do seu condomínio atende ou não à legislação. Por isso, a manutenção deve ser realizada regularmente por técnicos especializados. O que acontece, muitas vezes, segundo Valter, é o síndico encarregar o zelador do trabalho. “Os moradores devem exigir o laudo anual da fiscalização.”

O caso de Flávia não é isolado. Em dezembro passado, Gabriel Martins, 9, morreu em Franca (401 km de São Paulo). Estava na piscina de um clube quando foi sugado pelo braço, pois o ralo de proteção estava sem tampa.

Em janeiro, Jaqueline dos Santos, 14, morreu afogada na piscina de um condomínio de luxo em Barra do Jacuípe, perto de Salvador. Seus cabelos ficaram presos na grade protetora do ralo. Chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. Em coma, Flávia luta cotidianamente contra os males causados pela negligência.

Piscina segura
O tipo de acidente do qual Flavia Souza Belo foi vítima pode acontecer de duas maneiras: se o dreno protetor da piscina estiver sem tampa ou se a bomba que regula o motor for superdimensionada.
A empresa Sodramar, fabricante de material hidráulico, lançou, no ano passado, uma tampa “anti-hair” (R$ 200). Segundo o presidente da companhia, Augusto Araújo, foram vendidas mais de mil unidades no Brasil.
“Esse material é obrigatório por lei lá fora, mas, aqui, só agora é que algumas pessoas perceberam a necessidade, e a procura vem aumentando gradualmente.”
Devido ao aumento no número de acidentes por sucção, os EUA aprovaram, em dezembro de 2008, uma legislação que obriga que as piscinas públicas e particulares sejam construídas com válvulas antivácuo nos ralos.
O dispositivo libera a pressão da bomba do motor em caso de sucção, enquanto o dreno “anti-hair” funciona como uma capa de proteção do ralo, evitando que os cabelos sejam sugados."

Fonte: Revista da Folha
R$ 200,00 (Duzentos reais). É o que custa para deixar a piscina mais segura. Muito pouco, convenhamos, para que tragédias como a que aconteceu com minha filha Flavia, continuem a acontecer. Venho repetindo isto aqui no blog de Flavia: É fundamental que síndicos e moradores de condomínios, assim como administradores de qualquer local onde existam piscinas de uso público ou coletivo, providenciem fiscalização e laudo periódicos sobre o estado de segurança de suas piscinas. Como dito no texto acima, essa fiscalização e laudo, obviamente, devem ser feitos por pessoal técnico especializado.
Até o próximo post.

A vida escoando por um ralo

- 24 de março de 2009

Foto retirada da matéria A VIDA POR UM RALO da Revista VIVER BRASIL.

A Revista VIVER BRASIL de Belo Horizonte (MG) publicou hoje uma importante matéria sobre mortes e acidentes graves causados por ralos de piscinas. A reportagem é da jornalista Daniele Hostalácio. A matéria, com fotos, é bastante esclarecedora e entre outros, cita o caso de Flavia. O texto pode ser lido em sua íntegra no link da Revista VIVER BRASIL - A VIDA POR UM RALO.

"Gabriel Antônio Martins tinha 9 anos de idade e morava em Franca, interior de São Paulo. Jaqueline Resende dos Santos de Almeida tinha 14 e era da Bahia. Com intervalo de apenas um mês, as duas crianças se despediram da vida quando estavam se divertindo dentro da água.
Morreram em circunstâncias parecidas, vítimas dos sistemas de sucção das piscinas onde nadavam. Tais mortes, que se acumulam a cada ano em todo o mundo, poderiam ser evitadas com cuidados muito simples, tanto por parte de quem constrói e mantém uma piscina – clubes, hotéis e mesmo particulares – como por parte dos fabricantes de equipamentos como ralos e bombas hidráulicas. Embora não sejam as únicas vítimas, as crianças têm sido as mais atingidas por acidentes como esses, quase sempre com finais trágicos.

Um dos casos mais conhecidos no Brasil é o de Flávia, que está em coma vigil desde que se acidentou na piscina do prédio onde morava, em Moe­ma, zona sul de São Paulo, onze anos atrás..... .

“Minha filha vive, desde então, à margem da vida. Decidi transformar essa dor, que está tatuada na minha alma, em algo produtivo. Por isso criei o blog ‘Flávia Vivendo em Coma’ (www.flaviavivendoemcoma.blogspot.com). Um dos principais objetivos é alertar as pessoas sobre os riscos que os ralos de piscina podem representar. Meu desejo é evitar que mais tragédias como essa, que destruiu a vida de minha filha, e também a minha, continuem acontecendo”, declara.

As causas de acidentes por sucção nas piscinas estão associadas a ralos destampados ou com tampas quebradas, por falta de manutenção, e ao desrespeito às normas da ABTN para construção de piscinas”, afirma o empresário e vice-presidente da Associação Na­cional dos Fabricantes e Cons­tru­to­res de Piscinas e Produtos Afins (Anapp), Augusto César Araújo. Entre as normas determinadas pela ABTN, está uma velocidade máxima de sucção e a exigência de um mínimo de dois ralos de fundo. “Ao construir uma piscina, essas normas precisam ser seguidas. Além disso, jamais seu motor bomba deve ser trocado, sem que haja uma cuidadosa orientação técnica”, afirma. Mas esses cuidados, lembra Augusto, não surtem efeito se não for feita a manutenção dos equipamentos, já que o simples fato de a tampa de um ralo de fundo estar solta pode causar acidentes graves. O que acontece nesses casos é que a potência de sucção se torna maior, pois ela é proporcional à área da tampa.

Foi um descuido como esse que matou o menino Gabriel, de Franca, em dezembro último, e quase matou o filho do empresário Jonatas Abbott, Gustavo, na época com 7 anos de idade, em outubro de 2007. ...... A criança sabia nadar e já havia mergulhado diversas vezes na água, quando, numa dessas investidas, teve o braço sugado pelo ralo, até o ombro, a uma profundidade de 1,80 metro. A força de sucção foi tão grande que Jonatas avalia que, se não houvesse alguns adultos por perto, naquele momento, não teria sido possível salvar Gustavo. “O primeiro adulto que tentou arrancá-lo do ralo não conseguiu, pelo fato de a força da bomba ter provocado um inchaço na altura do cotovelo do meu filho. Foi então que um deles teve o lampejo de abraçar o Gustavo por trás e apoiar os dois pés no fundo da piscina para, com toda a força, arrancá-lo de lá. Ele me contou que quando o Gustavo saiu, parecia uma rolha de Champanhe, tal a maneira como estava preso”, relata Jonatas.

Para se evitar acidentes como esses, estão surgindo no mercado alguns equipamentos que visam aumentar a segurança dentro das piscinas. Um deles é uma válvula antivácuo, que faz com que a bom­ba desarme quando sua pressão interna é aumentada – fenômeno que acontece quando alguém ou algo é sugado pelo ralo e obstrui a passagem de água. Outro produto é um ralo anti-hair, que evita que o cabelo seja entrelaçado na grade de proteção.

Quando isso acontece, sempre há morte, porque não adianta tentar puxar a pessoa, já que os cabelos dão um nó na grade. A única saída seria cortar os cabelos, e nunca há tempo para isso”, observa Augusto, que conta que uma nova lei entrou em vigor nos Estados Unidos, em dezembro passado, obrigando todas as piscinas públicas ou comerciais daquele país a adotarem esse equipamento. Entre 1999 e 2007, ocorreram 74 acidentes em ralos de piscinas nos Estados Unidos, totalizando 63 feridos e 9 mortes. “As pessoas precisam se conscientizar do real perigo que os ralos de piscina podem representar.

"Os fabricantes desses equipamentos, principalmente, têm papel fundamental nisso, porque o usuário não tem como saber se a piscina é segura ou não”, acredita Odele, mãe de Flávia. “Penso que se minha filha não morreu, e ainda está aqui, é porque a presença dela pode ajudar nesse alerta.”

Obs: Os negritos do texto são meus.
Até o próximo post.

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