Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

23.12.2011 - Mais uma criança morre pela sucção do ralo da piscina - em Brasília

- 24 de dezembro de 2011
Foto recolhida da net e meramente ilustrativa

"Menino morre preso a bomba de sucçao em piscina em Brasília
23 de Dezembro de 2011 - 20h00



"Um menino de 7 anos morreu na tarde desta sexta-feira após ficar preso em uma bomba de sucção na piscina do Clube de Associados da Aeronáutica de Brasília (Cassab). De acordo com o Corpo de Bombeiros, ele ficou de 15 a 20 minutos submerso. As equipes de socorro tentaram reanimar Renan Rodrigues Costa quando ele foi retirado da água, mas não tiveram sucesso.

Conforme os bombeiros, pessoas que estavam no local tentaram retirar a criança do fundo da piscina, mas não conseguiram devido à força do equipamento. O menino só foi solto após a bomba ser desligada.

Em nota, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica lamentou o acidente e informou que os bombeiros e o serviço de UTI móvel contratado pelo clube foram acionados e prestaram os primeiros socorros. "A administração do clube colocou-se à disposição da equipe de peritos da Polícia Civil para contribuir com as investigações que apontarão as causas do falecimento", diz o comunicado, informando ainda que a Aeronáutica presta apoio à família da vítima."


O negrito do texto é meu.

O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica lamenta o acidente?! É preciso mais do que lamentar. É preciso que se aprove com urgência a Lei Federal para  Segurança nas Piscinas tramitando no Congresso e pela qual venho lutando há anos.

Como venho publicando aqui, em agosto deste ano de 2011, eu e Antonio Santos, pai de uma vítima fatal deste tipo de acidente e mais dois peritos em segurança em piscinas, estivemos em Brasilia e entregamos - em mãos - para o relator da lei,  proposta de emenda onde sugerimos a inclusão de  dispositivos de segurança que impedem a sucção dos ralos nas piscinas. Uma detalhada demonstração em Power Point foi feita por nós desses dispositivos de segurança para piscinas e como estes funcionam. Fomos bem recebidos pelo relator da lei e seus assessores, mas infelizmente desde que voltei de Brasilia, e por mais tentativas que eu tenha feito, não recebi respostas às minhas perguntas de como anda a aprovação da lei. Nem o relator da lei nem seus assessores respondem aos meus e-mails e telefonemas.

E esse descaso tem um alto preço.  Enquanto a Lei Federal para Segurança nas Piscinas, com os dispositivos sugeridos por nós,  não for aprovada e rigorosamente colocada em prática, a sucção dos ralos de piscinas continuará a matar pessoas,  principalmente crianças.

É lamentável que o cuidadoso trabalho com as sugestões de dispositivos de segurança para piscinas elaborado por uma equipe com grande capacidade técnica, e por nós apresentado em Brasilia em agosto de 2011, não esteja recebendo a devida atenção. É lamentável ver crianças morrendo pela sucção dos ralos de piscinas, por falta da obrigatoriedade do uso de dispositivos de segurança que impedem a sucção dos ralos. É lamentável que mesmo tendo minha filha Flavia,  vivendo há 14 anos em coma  porque ficou presa pelos cabelos pela sucção de um ralo de piscina sem dispositivos de segurança, eu não consiga ser ouvida quando tento evitar que a sucção dos ralos de piscinas continuem a fazer vítimas graves e fatais. 

Mais do que lamentável. É inaceitável.
 
Obs: O site do G1  que também noticiou esta morte, diz que o menino tem 11 anos.

Um poema português para os 24 anos de Flavia

- 16 de dezembro de 2011
Flavia, meu mais belo presente de aniversário.

Hoje Flavia completa 24 anos, dos quais, 14 anos vivendo em coma vigil. Quando penso no que minha filha deixou de viver  por ter sofrido um acidente que poderia ter sido evitado e que por negligência,  continua a acontecer em nosso país, fico triste. Conforta-me o carinho dos amigos, aqui presente neste poema de António Peciscas de Portugal que me inclui em seus versos porque também faço aniversário hoje. 

"O DIA CERTO 

Podíeis ter nascido em outro dia qualquer, 
dia em que já tinha nascido homem ou mulher 
que o marcou com fama e glória 
porque haveria de entrar na História. 
Beethoven, Jane Austen, Bilac e quantos mais 
nasceram neste dia e entraram nos anais. 
Mas que interessa se a dezasseis (*)
nasceram sábios ou reis 
se neste acaso invulgar 
há porquês por deslindar. 
E poderia ser outro o dia 
que tanto para o caso fazia 
Poderia ser mais longe ou mais perto 
mas teria de ser o dia certo. 

Gerado em trama de amor que pode parecer coincidência 
mas que, afinal, vem de uma outra evidência, 
que mesmo assim nem bem se explica 
porque há coisas em que pela razão não se fica. 

Há quem lhe chame magia 
Há quem lhe chame milagre 
Há quem lhe chame alquimia 
Afinal mesmo quem sabe? 
Quem pode saber sem falhar 
como é que a vida se tece? 
Quem poderá desvendar 
aquilo que desconhece? 

Mãe e filha assim unidas 
num mesmo e só calendário 
ficariam impedidas 
de seguir caminho vário. 

Em coisas de coração 
quem manda é a Natureza 
e tem sempre uma razão 
quando acontece beleza. 

Nesse dia houve uma estrela 
que num canto do céu sorriu 
Mandou criar história bela 
 e a Natureza cumpriu. 

Foi uma mãe que recebeu 
o seu mais fino presente 
quando nos braços acolheu 
o calor do novo ente. 

Ali mesmo se escreveu 
esse pacto de ternura 
que a todos nos envolveu 
numa aura de candura 

Sempre ligadas estareis 
isso já está descoberto. 
Porque o dia dezasseis 
era mesmo o dia certo. 

16 de Dezembro 2011 

António Peciscas "

(* dezasseis = português europeu

Obrigada António.

Cantoterapia - A alma cantando

- 11 de dezembro de 2011

Sandy e Júnior  em show da turnê  Sonho Real, de 1996.


Já escrevi aqui algumas vezes sobre a importância de se conversar e colocar músicas para pessoas em coma, com o objetivo de lhes proporcionar estímulos auditivos.

A música pode - e deve - também ser cantarolada por nós sem que nos preocupemos se estamos ou não desafinando. O que importa é o carinho que passamos na voz e que certamente vai causar bem estar na pessoa que nos ouve.

Hoje estou cantarolando  para Flavia músicas de Sandy e Júnior, Por exemplo esta, "Vai ter que rebolar" que Flavia, imitando Sandy, gostava de cantarolar e dançar.

Como disse a pesquisadora Eliseth Ribeiro Leão, em seu livro “Cuidar de pessoas e música”:

"É a alma quem canta, a laringe é apenas o seu instrumento.".

Beijo meu e de Flavia pra vocês. Bom domingo a todos.

As amigas e os amigos de Flavia -3

- 4 de dezembro de 2011

Conforme convite que lhes fiz em 25 de setembro de 2011, publico hoje a participação da leitora Ana Maria Fernandes.

"Muitos dos leitores deste blog poderão perguntar-se sobre as razões que levam uma mãe a cuidar, anos e anos, de uma filha que está em coma, sabendo que não vai acordar dele. Sabendo também que essa filha não lhe vai dando respostas, a não ser as variações nos estado de vigília e de sono e algumas mudanças de expressão que  Odele aprendeu a reconhecer e a identificar.

Eu acho que uma coisa é apreciar uma situação vista de fora e outra é viver  dia a dia essa mesma situação. Só assim é possível entender as razões mais profundas de uma decisão que se toma.

Neste caso, o que mais quero dizer é que esta história da Odele e da Flavia é um poderoso hino de amor à vida. Um exemplo!

Ana Maria Fernandes (Brasil) "


Muito obrigada Ana Maria.
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