Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

Higiene bucal em pessoas que estão em coma

- 29 de junho de 2009
Uma boa higiene bucal é da maior importância em pessoas que estão em coma. Na primeira foto, está o material que uso (não necessariamente ao mesmo tempo) para escovar e higienizar os dentes e a boca de Flavia.

1. Escova dental comum (a técnica de enfermagem prefere)
2. Escova dental especial (da marca Científica – Eu prefiro.)
3. Escova dental elétrica (para usar em dias alternados)
4. Pasta dental (usada em quantidade mínima)
5. Fio Dental (usado em dias alternados)
6. Escova Bitufo. (excelente para limpar os dentes um a um)
7. Cepacol sabor Tutti Frutti (ou qualquer outro enxaguatório bucal)
8. Espátula envolta em gaze (para dar o acabamento final)

Parece exagero? Mas como eu já disse, não uso tudo isto ao mesmo tempo, mas tenho sempre este material ao lado da cama hospitalar de Flavia e vou alternando seu uso. A escovação de seus dentes é feito duas vezes ao dia. Pela manhã e à noite. É preciso higienizar dentes e boca, com todo o cuidado e atenção. (e com delicadeza também) Aos 21 anos – 11 dos quais em coma vigil, Flavia nunca teve uma cárie sequer. Isto é mérito dos cuidados que ela recebe, mérito este que divido com Masé, a competente técnica de enfermagem que há quase seis anos me ajuda nos cuidados com Flavia. Além disso, a cada seis meses, Flavia recebe aqui em casa a visita da dentista.

Escovar os dentes de Flavia não é tarefa fácil. Ela, por causa sua condição, não responde aos comandos verbais, portanto, não adianta dizer para ela ficar com a boca aberta. Não se pode colocar água em sua boca porque como já disse, uma das seqüelas do acidente foi uma severa disfagia, que é a incapacidade de engolir qualquer coisa, nem mesmo água Flavia consegue engolir. Por isso, a escovação dos dentes e a higiene da boca de Flavia são feitas com a escova umedecida e um mínimo de pasta dental. Depois, “enxágua-se” com uma gaze umedecida e depois em Cepacol diluído em água.

A higiene bucal de uma pessoa em coma deve ser levada muito a sério. Imagine se uma pessoa nessas condições adquirir cáries. O tratamento terá que ser feito em hospital e com sedação. Com cuidados diários e atenção constante, é possível evitar as cáries e deixar a pessoa com a boca e os dentes bem higienizados.


Sem outra intenção que não seja passar informações que possam ser úteis a outras pessoas, coloco aqui a foto da escova científica da qual falo. É bem interessante esta escova pois as cerdas das escovas comuns são substituidas por hastilhas que não têm emendas e são bem macias. Para saber mais sobre esta escova clic no link ESCOVA CIENTÍFICA.

Boa semana a todos e até o próximo post.

A justiça tarda mas não falha?! Infelizmente tarda e falha!

- 22 de junho de 2009
Para quem ainda não leu, transcrevo abaixo trechos do que se publicou no CONSULTOR JURÍDICO sobre o julgamento do Processo de Flavia, dia 03 de Março de 2009, em Brasília, 11 anos depois do acidente que deixou minha filha em coma irreversível.

“O trágico caso da garota tornou a questão ampla do ponto de vista jurídico em razão da sucessão de erros – reconhecidos e punidos pelo STJ – cometidos pelos envolvidos. Inclusive pela primeira e segunda instâncias da Justiça paulista, que decidiram que a mãe havia colaborado para o acidente. No julgamento da semana passada, esse foi um dos pontos que mais provocou reações de indignação nos ministros da 4ª Turma.

“.... por unanimidade os ministros decidiram reformar a decisão do TJ paulista no ponto em que considerou que a mãe, por permitir que a filha fosse nadar apenas com outros menores, teve parte da culpa pelo acidente. O ministro Noronha e o desembargador Mathias teceram duras criticas à decisão neste ponto. “Falar em culpa concorrente neste caso é uma falácia”, disse Mathias. “Essa mãe foi muito injustiçada. Ela nunca poderia responder por deixar sua filha, que sabia nadar bem, como está provado, ir nadar em seu condomínio. Ora, quem de nós não deixa os filhos nadarem sozinhos”, arrematou Noronha.
Culpa de fábrica.
O ponto controverso do recurso ficou por conta da responsabilidade da Jacuzzi, a fabricante da bomba de sucção, pelo acidente. Para a maioria dos ministros, como não foi a Jacuzzi quem instalou a bomba de sucção na piscina e o manual mostrava que o equipamento era muito mais potente do que o necessário para a piscina nas dimensões da do condomínio processado, ela não tem qualquer culpa pelo acidente.

Por quatro votos a um, a 4ª Turma decidiu que a empresa não tem de indenizar. “Os manuais técnicos da fabricante têm informações suficientes sobre a potência adequada para o tamanho das piscinas e a empresa não foi responsável pela instalação do equipamento”, afirmou o relator, Carlos Mathias. Os ministros Aldir Passarinho, Fernando Gonçalves e João Otávio de Noronha acompanharam o relator.

Vencido, o ministro Luis Felipe Salomão entendeu que a Jacuzzi deveria ser condenada porque os manuais não alertam sobre o risco de acidentes como o que aconteceu com Flávia. Somente relatam a potência adequada para cada tipo e tamanho de piscina. “Ao não alertar expressamente sobre o perigo de usar um equipamento inadequado, a fabricante se tornou responsável pelo acidente”, disse Salomão.”

Pois é. Lutei 11 anos na justiça brasileira para ver condenados, além do Condomínio Jardim da Juriti, a Jacuzzi do Brasil pelo acidente ocorrido com Flavia, porque no meu entender, é bem o que o Ministro Luis Felipe Salomão também entendeu: A Jacuzzi não orientou em seus manuais sobre o risco do tipo de acidente que aconteceu com Flavia e que como venho documentando aqui, continuaram e lamentavelmente continuam acontecendo com outras pessoas.

Por quatro votos a um a Jacuzzi do Brasil saiu ilibada de co-responsabilidade no acidente com Flavia, causado por seu equipamento. Neste caso, a justiça não só tardou como também falhou. Falhou comigo, falhou com Flavia e com todos que esperavam que a impunidade não fosse uma força indestrutível neste país.

Mas ainda acredito - ACREDITO - que exercendo com firmeza e determinação nossa cidadania, podemos mudar esta realidade. Porque é nosso direito uma JUSTIÇA CÉLERE E JUSTA.

Quanto à Jacuzzi do Brasil, é como diz Betty:
"Odele, a JACUZZI não ter sido condenada é algo que nunca vou entender, quanto mais aceitar. Uma empresa que não assume a responsabilidade num caso como o da Flavia, não merece ser líder de mercado...”


Até o próximo post.

Ralos de piscinas, um perigo pouco divulgado

- 15 de junho de 2009
Transcrevo na íntegra, este texto que descobri no blog SETE x SETE

"Quarta-feira, 8 de Abril de 2009Ralos de piscinas! Um perigo não informado...
Eu disse e vou repetir aqui:
Entre umas e outras, acabei lendo todo o
blog da Flavia, escrito por sua mãe Odele: aos 10 anos de idade, Flavia foi nadar na piscina do prédio onde morava em Moema e teve os cabelos sugados pelo ralo da piscina. Ficou alguns minutos submersa o que lhe causou danos irreversíveis: ela está em coma vigil desde então. A mãe, lutando na justiça para que os responsáveis paguem ao menos pelo tratamento mensal da garota. E também, para alertar a todos sobre os perigos que existem.
Caso ela consiga ao menos que as empresas (no caso, Jacuzzi) comece a trabalhar corretamente, com manuais que alertem aos perigos... já será uma grande vitória. Ela conseguiu uma vitória mes passado, em Brasília. Está tudo lá no blog, vale a pena conferir.

Mas o que mais me assusta é NÃO encontrar notícias sobre o assunto. Se você dá uma "googada", só encontra o blog dela e outros que fazem referencia ao mesmo...
Nada de noticias, um assombro!
Mesmo por que, tivemos um caso em Jan/2009 no interior de SP, tivemos dois casos envolvendo o Motel Astúrias (que só achei a notícia depois de procurar muito), também em SP, fora outros tantos que acabei sabendo por meio do blog da Flavia.
Um verdadeiro espanto.

Há alguns videos no youtube, mas é muito pouco para um problema tão delicado e tão próximo: quem não frequenta clube, ou mesmo, tem piscina no condominio, ou então, em viagens, fica em hotéis ou pousadas que têm piscinas?

Você pode alegar que quase não frequenta nenhuma piscina, mas atire a primeira pedra quem entra em qualquer piscina mas antes pergunta se o ralo está com a tampa, ou se a máquina sugadora é adequada ao tamanho da piscina...
É assustador...Portanto, divulguem o blog da Flavia, vivendo em coma.
Para que sirva de alerta a todos.
Marcia “

É verdade, Marcia, o que a mídia divulga sobre o perigo existente nos ralos de piscinas, é mesmo, como diz você, “muito pouco para um problema tão delicado e tão próximo”
Na verdade, a mídia que mais tem divulgado o caso de Flavia e por conseguinte, alertado em maior escala sobre o perigo desses ralos sugadores - e assassinos - tem sido mesmo os blogs, tanto do Brasil, quanto do exterior. Meu MUITO OBRIGADA a você Marcia, - a exemplo de outros blogs - por usar seu espaço virtual para colaborar na divulgação deste importante alerta. O PERIGO DOS RALOS DE PISCINAS!

Vou continuar batendo nesta tecla, com a esperança de que a mídia convencional passe a cumprir o seu papel social de informar sobre este perigo tão próximo de todos nós.
Até o próximo post.

Estado de coma: Por que nem todos retornam...?

- 5 de junho de 2009
Flor feita para Flavia, por Alice Matos, do blog Pensamentos (Portugal)

Algumas pessoas me escrevem dando sugestões de como agir com Flavia para que ela saia do estado de coma em que entrou há mais de 11 anos. Ah! se soubessem como tenho tentado esse retorno de minha filha. Ah! se soubessem o quanto lamento que amor de mãe não tenha tanto poder quanto eu pensava ter.

Leio tudo que posso sobre o estado de coma, sobre pessoas que estão em coma e sobre aquelas que felizmente recobraram a consciência. Não são muitas. O recobrar da consciência de uma pessoa que entrou em coma é algo complexo e infelizmente não depende apenas dos cuidados que mantemos com a pessoa, nem dos estímulos que lhes proporcionamos, embora esses estímulos sejam benéficos e os cuidados, obviamente, obrigatórios. Mas esse retorno do coma é algo misterioso, e infelizmente não acontece com frequência, com quem já está assim há muitos anos.

No último dia 31 de Maio saiu uma matéria no jornal Folha de São Paulo, sobre uma moça que sofreu um acidente de carro e que segundo a matéria, devido aos estímulos feitos por sua mãe ela retornou do coma. Acredito que algo além dos estímulos da mãe tenha colaborado para que essa moça saísse de seu estado de coma.

Sobre o estado de coma aprendi que nenhuma lesão cerebral é igual a outra o que faz com que cada pessoa tenha seqüelas diferentes e consequentemente sua eventual recuperação também. No caso de Flavia, faço massagens diariamente em seu corpo, braços, mãos e pés. Coloco músicas para ela ouvir, às vezes no pequeno aparelho de som de seu quarto, ou gravo músicas especialmente para ela e coloco em seu Ipod, bem baixinho em seu ouvido. Este procedimento de colocar música ou mensagens gravadas deve ser feito com critério para não cansar a pessoa. Há momentos que ela precisa ficar quietinha mesmo. O bom senso deve sempre prevalecer.

Além disso, em sua cadeira de rodas especial, levo Flavia para passear na área de lazer do prédio onde hoje moramos e onde encontramos alguns vizinhos e crianças que por vezes se aproximam. Por exemplo, Laura de 6 anos, é uma menina adorável, que tem sempre uma palavra de carinho para Flavia. E tem também a Mariana de 7 anos, que ao passar sempre diz "Oi Flavia!"

Há relatos de pessoas que estiveram em coma e ao recobrarem a consciência, disseram ter ouvido e entendido tudo que falavam à sua volta. E o filme FALE COM ELA de Almodóvar mostra uma mocinha que retornou do coma porque seu enfermeiro conversava muito com ela.

Eu também converso muito com Flavia, canto para ela, leio livros e mensagens que nos enviam. Falo de nossos novos amigos virtuais, conto histórias de sua infância, mencionando o nome de suas amiguinhas, e pessoas que ela amava. Nos primeiros anos, após o acidente que a deixou em coma, eu tinha uma esperança quase insana de que ao ouvir um desses nomes queridos, Flavia acordasse. Hoje, continuo lhe proporcionando estímulos de toques e auditivos, mas com o objetivo de tirar Flavia do silêncio e da solidão desse longo e misterioso estado de coma em que minha filha entrou, mistério esse que nem o meu amor de mãe conseguiu até hoje desvendar.

Até o próximo post.
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