Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

DETALHES

- 23 de fevereiro de 2010
Neste sábado,  estávamos no jardim do prédio, quando Fernando fotografou a mão da irmã, que aqui descansa no apoio da cadeira de rodas.

E os pés...

As florzinhas nas unhas, é Masé, quem faz. No calor escaldante que tem feito em São Paulo, deixo Flavia com roupas leves e sem sapatos. Mesmo as sandálias lhe apertam os pés, que são muito delicados e se deformaram um pouco, por causa da hipertonia, apesar da fisioterapia diária.

Quando Flavia está sentada na cadeira de rodas, e após tirar as órteses que são necessárias, mas muito desconfortáveis, - sempre que me é possível -  delicadamente faço massagens em seus pés com um creme apropriado e coloco suas pernas em meu colo. É bom pra ela. E pra mim também.

João Helio: Mais um exemplo de impunidade no Brasil.

- 20 de fevereiro de 2010
Fevereiro de 2007: No Rio de Janeiro, bandidos em fuga arrastam, por sete quilômetros, preso ao cinto de segurança do carro, João Hélio, um menino de apenas seis anos. Pela crueldade, a morte de João Hélio chocou o Brasil.

Fevereiro de 2010: Exatamente três anos após, ficamos sabendo pela imprensa de que um dos assassinos, - menor de idade na época do crime – foi solto há duas semanas e recebe proteção da justiça. A proteção é pra ele.

“A justiça entendeu que o rapaz, na época menor e hoje com 18 anos, corre risco de morte e determinou que ele fosse incluído no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, criado pelo governo federal em 2003. O projeto apóia jovens de até 21 anos que são alvo de ameaças”

Fonte: Jornal Folha de São Paulo.

A ONG Projeto Legal vai emitir parecer que será enviado à Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e à Justiça, e havendo entendimento de que o rapaz precisa de proteção, ele será enviado para um lugar seguro.

Para um lugar seguro. Os bandidos recebem proteção, mas a população não. ONGs se preocupam com os Direitos Humanos dos bandidos, mas não com os direitos humanos das famílias destruídas por eles.

Entendo que não devemos nos calar diante da falta de justiça por crimes que sofremos. Mas nós, simples mortais, cidadãos comuns, mesmo sem sermos capas de revistas, precisaríamos receber mais apoio da mídia para que nossos gritos por justiça fossem ouvidos. Emissoras de rádio, TV, jornais e revistas poderiam – se quisessem – mudar esse quadro de “esquecimento” de crimes que só podem mesmo ser esquecidos por quem os cometem. A mídia poderia, numa preciosa, necessária e bem vinda prestação de serviços à população, noticiar e trazer à tona casos antigos e não resolvidos. A mídia estaria assim, cobrando atitudes das autoridades, cobrando justiça, que como temos visto, não tem cumprindo o seu papel essencial de proteger os mais fracos contra crimes e negligências, contra prepotentes e poderosos.Contra bandidos. Estes sim, têm  proteção. Nós é que não. 

Brasil, país da IMPUNIDADE..?

SEMPRE QUE O DRAMA ACONTECE....

- 15 de fevereiro de 2010
 Flavia, infância e sorriso roubados. Negligência e Impunidade. Até Quando?!

Os versos abaixo, me foram gentilmente oferecidos por Maria Letra,  do blog Caminhos de Cristal,  de Portugal, a quem agradeço pela delicadeza do gesto.

Sempre que o drama acontece
A quem é jovem e puro,
Nossa vida vira inferno,
A nossa alma entristesse
E o dia-a-dia é tão duro,
Que nem um abraço terno,
De quem vive o nosso drama,
Traz a esperança que buscamos.

Ver alguém inconsciente,
Condenado a estar na cama,
Abafa a fé. Sufocamos
Uma prece impertinente,
Deixamos de acreditar.
Mas amiga, podes crer
Que, nesta vida de dor,
Tudo poderás esperar,
Quando num drama a vencer,
Grita mais alto o Amor.

Às bonitas palavras de Maria Letra eu gostaria de acrescentar:

Sempre que o drama acontece  com pessoas comuns como Flavia, Gabriel, Raphael, Jaqueline e tantas outras vítimas de ralos de piscinas, a justiça esquece. Pouquíssimos são os sobreviventes dos desvastadores acidentes causados por ralos de piscinas. E quem fica, não sobrevive só de amor.Custam caros os cuidados de Enfermagem, Fisioterapia, Cadeira de Rodas, Médicos, Cirurgias, Material Hospitalar, etc,etc...

Amor é importante sim, amor é fundamental  nos cuidados com quem sobreviveu à tragédia, mas é importante também lutar por JUSTIÇA! É importante não nos conformarmos com tanta insensibilidade,  com tanta impunidade. É preciso que junto ao grito de amor pelo nosso ente querido, cuja vida foi devastada por negligência de terceiros, se faça ouvir POR TODO O MUNDO, o eco de nosso grito de dor e INDIGNAÇÃO por uma uma justiça que não se faz presente, que por ser lenta, beneficia os culpados e pune as vítimas. Quantos anos as vítimas terão que  esperar até ver os seus direitos totalmente respeitados? E essa indiferença para com as vítimas, essa cruel lentidão, que nome tem, senão INJUSTIÇA?

Para quem ainda não assinou, peço que  assine a Petição on line por segurança nas piscinas clicando neste link ou na foto do ralo na barra lateral deste blog. Para minha filha esta lei já não terá utilidade, mas poderá ajudar muito a coibir futuras negligências e evitar  que outras crianças sofram acidentes com ralos de piscinas funcionando de forma irregular e  venham a ter o destino de Flavia.

Até o próximo post.
 

Lentidão da justica brasileira: O Ministro diz que é mito. MITO?!

- 7 de fevereiro de 2010

Flavia menina, Flavia mulher.Mais de 12 anos esperando por Justiça.

Para o Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Gilmar Mendes, a lentidão na justiça brasileira é um mito, conforme pode ser lido neste artigo  do mais conceituado  site jurídico do Brasil, o Conjur.
E aqui  também: OAB rebate Gilmar e diz que justiça lenta é fato real. O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcanti,contesta a afirmação de Gilmar Mendes e diz que justiça lenta é fato real.

Não posso deixar de manifestar minha perplexidade  e desacordo com esta afirmação do Ministro Gilmar Mendes, porque a  realidade é que justiça no Brasil é de uma morosidade absurda, cruel, desumana. Mais de doze anos se passaram desde que dei início ao processo contra quem sempre vou considerar responsáveis pelo acidente que deixou Flavia em coma vigil irreversível:  O Condomínio Jardim da Juriti,  que trocou o ralo da piscina por outro superdimensionado e a empresa fabricante do equipamento, a  Jacuzzi do Brasil, que não alertou em seus manuais para a possibilidade do tipo de acidente que vitimou Flavia: Cabelos sugados e presos ao ralo.

Eu e Flavia somos dois exemplos dos muitos milhões de brasileiros que lutam exaustivamente, mas que há anos aguardam pelo julgamento  de seus processos -  com a  punição dos culpados. E quem se beneficia de tanta burocracia e de tanta lentidão da justiça, são os acusados. E a  justiça  que deveria nos proteger contra negligências, crimes e desrespeito aos nossos direitos, por sua  demora em agir e  punir, nos deixa órfãos.

Ministro Gilmar Mendes, falo por mim  que luto anos a fio,  sem ainda ter encontrado eco ao meu grito por justiça completa. Falo por minha filha Flavia,  que de menina se transformou em mulher,enquanto aguarda a punição exemplar e efetiva  dos culpados pelo acidente que lhe deixou em coma.  Ministro Gilmar Mendes, o senhor sabe disso: Infelizmente a lentidão da justiça brasileira, não é um mito, mas uma triste e cruel realidade.
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