Imagem recolhida da Net
Nunca fiquei tanto tempo sem publicar no blog de Flavia e algumas pessoas têm me escrito perguntando o que está acontecendo, se Flavia está bem, etc. Isto de certa forma me alegra porque mostra que as pessoas nos tem presente na memória. Obrigada por esses e-mails que significam uma importante demonstração de afeto para com Flavia. E quão importante é o afeto que damos e recebemos.
Minha ausência do blog deveu-se, em parte, pela troca da equipe que me ajuda a cuidar de Flavia. É preciso treinar os novos profissionais. Troquei Fisioterapeutas e Técnicas de enfermagem. São duas técnicas que se alternam em plantões de 12 horas (das 8 às 20h) e dois fisioterapeutas que fazem uma hora diária de fisioterapia motora e respiratória. O Henrique Faleiros trabalha de segunda à quinta e Camila Barros atende Flavia às sextas-feiras e sábado. Por mais experiência que o profissional tenha, cada paciente é como qualquer ser humano: Um universo único. E Flavia é tão forte, mas ao mesmo tempo, frágil como uma flor. E por isso, quando novos profissionais iniciam a trabalhar com Flavia, tenho que treiná-los principalmente nas aspirações traqueais que é um procedimento invasivo e muito delicado. Se faltar habilidade e delicadeza no procedimento, Flavia pode vomitar ou ainda podem lhe machucar as mucosas do nariz. Felizmente Camila e Henrique têm demonstrado muita competência e delicadeza com Flavia além de serem pessoas de fácil relacionamento.
Tive que treinar também duas novas técnicas de enfermagem: Lucimária, a Lu, que está conosco há 5 meses e Débora, que chegou há 3 meses. Ambas têm 26 anos, um ano apenas a mais que minha filha e mais parecem amiguinhas de Flavia. Tanto a Lu quanto a Débora vêm-se demonstrando excelentes profissionais: Não faltam ao serviço, não chegam atrasadas e cuidam de minha filha conforme minhas orientações. Além disso, são pessoas risonhas e também de fácil relacionamento. É uma benção ter pessoas alegres perto de nós.
E tem as Fonoaudiólogas Viviane Simões e Daniela Mekaru. A Vivi está trabalhando com Flavia há mais de um ano já a Dani está com Flavia há apenas um mês. A Vivi vem atendendo Flavia às 6.feiras pela manhã e Dani começou a trabalhar com Flavia às quartas-feiras à tarde.
O trabalho de uma fonoaudióloga com experiência em disfagia é de extrema importância para Flavia. Para quem não sabe, disfagia é a incapacidade de engolir, uma sequela neurológica que ocorre com frequência em pessoas que sofreram danos cerebrais severos como ocorreu com Flavia no acidente sofrido há mais de 15 anos. O trabalho da fonoaudióloga neste caso é estimular a deglutição, com técnicas e exercícios específicos para essa finalidade.
A boa notícia é que de três meses para cá Flavia começou finalmente a deglutir. Ao longo do dia ouve-se ela engolindo a própria saliva que é o que nós que estamos saudáveis fazemos sem nos dar conta. Sem a capacidade de engolir a pessoa engasga o que em alguém acamado, gera outras complicações.
O fato de Flavia começar a deglutir tem um valor imenso na sua qualidade de vida. As incomodas aspirações diminuem. De 1998 a 2004 Flavia precisava ser aspirada de 20 a 25 vezes ao dia. Depois de uma cirurgia para retirada de algumas glândulas salivares, as aspirações passaram a ser de 8 a 10 ao dia. E agora que Flavia começou a deglutir, as aspirações acontecem em média de 2 a quatro vezes ao dia.
Quero deixar aqui externada minha profunda gratidão à Fonoaudióloga Viviane Simões por seu incansável trabalho na tentativa e êxito no despertar da deglutição em Flavia, contribuindo diretamente para a melhoria de sua qualidade de vida. Também sou muito grata às duas novas técnicas de enfermagem, Lucimária Maria da Silva e Débora Paula Martins que por seguirem à risca as minhas orientações nos cuidados com Flavia, conseguem avaliar corretamente quando devem ou não realizar as tão indesejáveis aspirações. Vivi, Lu e Débora, o fato de estar Flavia hoje deglutindo, deve-se muito ao cuidadoso trabalho de vocês três. Muito obrigada por isso.
Tantas palavras para demonstrar meu contentamento por Flavia estar finalmente conseguindo engolir quase que totalmente a própria saliva. É que depois de mais de 15 anos observando a severa disfagia que afligia Flavia, o som que agora minha filha faz ao deglutir, me chega aos ouvidos como uma bonita sinfonia.
Bom mês de outubro a todos e até o próximo post.