Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

Dano cerebral, disfagia e deglutição

- 1 de outubro de 2013

Imagem recolhida da Net

Nunca fiquei tanto tempo sem publicar no blog de Flavia e algumas pessoas têm me escrito perguntando o que está acontecendo, se Flavia está bem, etc. Isto de certa forma me alegra porque mostra que as pessoas nos tem presente na memória. Obrigada por esses e-mails que significam uma importante demonstração de afeto para com Flavia. E quão importante é o afeto que damos e recebemos.

Minha ausência do blog deveu-se, em parte, pela troca da equipe que me ajuda a cuidar de Flavia. É preciso treinar os novos profissionais. Troquei Fisioterapeutas e Técnicas de enfermagem. São duas técnicas que se alternam em plantões de 12 horas (das 8 às 20h) e dois fisioterapeutas que fazem uma hora diária de fisioterapia motora e respiratória. O Henrique Faleiros trabalha de segunda à quinta e Camila Barros atende Flavia às sextas-feiras e sábado. Por mais experiência que o profissional tenha, cada paciente é como qualquer ser humano: Um universo único. E Flavia é tão forte, mas ao mesmo tempo, frágil como uma flor. E por isso, quando novos profissionais iniciam a trabalhar com Flavia, tenho que treiná-los principalmente nas aspirações traqueais que é um procedimento invasivo e muito delicado. Se faltar habilidade e delicadeza no procedimento, Flavia pode vomitar ou ainda podem lhe machucar as mucosas do nariz. Felizmente Camila e Henrique têm demonstrado muita competência e delicadeza com Flavia além de serem pessoas de fácil relacionamento.

Tive que treinar também duas novas técnicas de enfermagem: Lucimária, a Lu, que está conosco há 5 meses e Débora, que chegou há 3 meses. Ambas têm 26 anos, um ano apenas a mais que minha filha e mais parecem amiguinhas de Flavia. Tanto a Lu quanto a Débora vêm-se demonstrando excelentes profissionais: Não faltam ao serviço, não chegam atrasadas e cuidam de minha filha conforme minhas orientações. Além disso, são pessoas risonhas e também de fácil relacionamento. É uma benção ter pessoas alegres perto de nós.

E tem as Fonoaudiólogas Viviane Simões e Daniela Mekaru. A Vivi está trabalhando com Flavia há mais de um ano já a Dani está com Flavia há apenas um mês. A Vivi vem atendendo Flavia às 6.feiras pela manhã e Dani começou a trabalhar com Flavia às quartas-feiras à tarde.

O trabalho de uma fonoaudióloga com experiência em disfagia é de extrema importância para Flavia. Para quem não sabe, disfagia é a incapacidade de engolir, uma sequela neurológica que ocorre com frequência em pessoas que sofreram danos cerebrais severos como ocorreu com Flavia no acidente sofrido há mais de 15 anos. O trabalho da fonoaudióloga neste caso é estimular a deglutição, com técnicas e exercícios específicos para essa finalidade.

A boa notícia é que de três meses para cá Flavia começou finalmente a deglutir. Ao longo do dia ouve-se ela engolindo a própria saliva que é o que nós que estamos saudáveis fazemos sem nos dar conta. Sem a capacidade de engolir a pessoa engasga o que em alguém acamado, gera outras complicações.

O fato de Flavia começar a deglutir tem um valor imenso na sua qualidade de vida. As incomodas aspirações diminuem. De 1998 a 2004 Flavia precisava ser aspirada de 20 a 25 vezes ao dia. Depois de uma cirurgia para retirada de algumas glândulas salivares, as aspirações passaram a ser de 8 a 10 ao dia. E agora que Flavia começou a deglutir, as aspirações acontecem em média de 2 a quatro vezes ao dia.

Quero deixar aqui externada minha profunda gratidão à Fonoaudióloga Viviane Simões por seu incansável trabalho na tentativa e êxito no despertar da deglutição em Flavia, contribuindo diretamente para a melhoria de sua qualidade de vida. Também sou muito grata às duas novas técnicas de enfermagem, Lucimária Maria da Silva e Débora Paula Martins que por seguirem à risca as minhas orientações nos cuidados com Flavia, conseguem avaliar corretamente quando devem ou não realizar as tão indesejáveis aspirações. Vivi, Lu e Débora, o fato de estar Flavia hoje deglutindo, deve-se muito ao cuidadoso trabalho de vocês três. Muito obrigada por isso.

Tantas palavras para demonstrar meu contentamento por Flavia estar finalmente conseguindo engolir quase que totalmente a própria saliva. É que depois de mais de 15 anos observando a severa disfagia que afligia Flavia, o som que agora minha filha faz ao deglutir, me chega aos ouvidos como uma bonita sinfonia.

Bom mês de outubro a todos e até o próximo post.


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