06 de janeiro. No dia de hoje, 20 anos atrás minha filha Flavia, uma criança de 10 anos, linda e saudável, sofria um acidente causado pela sucção do ralo da piscina onde ela nadava, que lhe condenaria a viver em coma pelo resto da vida. Flavia, vive em coma. Há 20 anos. Olhar para minha filha e ver sua vida estagnada sem que eu nada possa fazer para mudar a condição de vida dela, me causa uma dor diária e me deixa devastada.
Em 2007, quando criei o blog Flavia, vivendo em coma com o objetivo de alertar outras pessoas para o perigo existente na sucção dos ralos de piscinas e para lutar por uma Lei Federal para Segurança nas Piscinas, eu não imaginava que seria tão difícil conscientizar os políticos de Brasília a aprovarem uma Lei que certamente salvaria vidas, principalmente de crianças.
Foram muitos textos escritos, e-mails, telefonemas, viagens ao Rio e à Brasilia, mas tudo ou quase tudo,em vão. O máximo conseguido dos políticos foram promessas vazias. A Lei Federal de Segurança nas Piscinas até hoje continua, sem aprovação nas águas mal paradas da burocracia de Brasilia.
A ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, com sua norma 10.339 referente a Segurança nas Piscinas e que datava de mais de 30 anos, recentemente fez um trabalho de revisão de sua norma, com o envolvimento de profissionais do setor, entre eles, empresários do ramo, engenheiros e construtores, num trabalho longo que durou mais de um ano. No entanto, até agora essa atualização ainda não foi disponibilizada no site da ABNT, porque o texto ainda precisa ser colocado no “formato”característicos das normas da ABNT. Mais uma vez a burocracia sai vencedora.
Enquanto isso, os acidentes nas piscinas do Brasil seguem acontecendo com uma frequência alarmante tanto para os usuários de piscinas quanto para os pais de crianças, crianças essas que nunca voltaram de seus mergulhos porque perderam a vida num momento em que apenas buscavam exercer direito de toda criança. Brincar em segurança.
As principais causas – as mais graves – de acidentes com crianças em piscinas, acontecem por três motivos: 1. A sucção dos ralos que causa o aprisionamento de cabelos ou partes do corpo 2. Ausência de portões auto travantes e 3. A falta de cercas de proteção que causa a queda e afogamento de crianças pequenas. Esse problema poderia ser facilmente resolvido com instalações de tampa ou grelha anti aprisionamento, de portões auto travantes e cercas de proteção ao redor de todas as piscinas, sejam elas de uso doméstico, coletivo ou público.
Diante da burocracia, da morosidade, do descaso e da inércia de nossos políticos, minha sugestão é de que cada um de nós passe a exigir segurança na piscina de sua casa , de seu condomínio, do clube, do parque aquático ou do hotel onde você for passar férias com seus filhos. E se você não tiver filhos, há de ter netos, sobrinhos, irmãos pequenos, afinal, todos tivemos, temos ou teremos uma criança em nossas vidas. E no caso de se constatar a ausência de pelos menos (sim, é o mínimo) dos dispositivos de segurança acima mencionados, que seja cobrado do local a segurança necessária. E se encontrar dificuldade para exercer o seu direito à segurança na piscina onde suas crianças vão estar, denuncie!
Segurança nas piscinas, uma causa de todos nós!