Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

Sucção em piscina. Acidente Grave. Menina de 9 anos

- 23 de outubro de 2023

Foto ilustrativa: Divulgação/Alep
Criança foi resgatada de helicóptero pelo Samu — Foto: Reprodução/Samu

De novo continua acontecendo. De novo aconteceu. Este acidente ocorrido no sábado passado, dia 21.10, foi no estado do Paraná.


"Uma menina de 9 anos de idade se afogou na tarde de sábado (21) em Doutor Camargo, norte do estado, depois que o cabelo dela ficou preso no sugador de uma piscina.

De acordo com o Samu, ela ficou cerca de 10 minutos submersa, quando foi resgatada por familiares. O estado dela é considerado grave.

O Samu informou que a garota estava em uma chácara com outros parentes. Ela mergulhou na piscina, que tem 1,5 metro de profundidade, mas não voltou, o que causou desconfiança na família.

De acordo com os socorristas, a sucção do equipamento era muito forte, dificultando a retirada da menina da piscina.

Ela foi resgatada pelo helicóptero do Samu, que pousou em uma propriedade ao lado da chácara.

A vítima foi encaminhada ao hospital intubada."

Texto  em azul copiado na íntegra. Fonte G1

Texto em Vermelho  copiado  na íntegra de  Tribuna do Paraná

"Uma criança de nove anos foi resgatada em estado grave após se afogar na piscina de uma chácara em Doutor Camargo, no Norte do Paraná, na tarde de sábado (21), depois de prender o cabelo no sugador" 

É lamentável que mesmo depois da existência da Lei Federal para Segurança piscina. -  Lei 14.327/22 - ainda tenhamos locais, que pelo visto, não têm instalados os indispensáveis dispositivos para tornar as piscinas seguras. Bastaria essa providência para que o acidente com essa criança pudesse ter sido evitado. Ou seja, os acidentes só ocorrem quando a piscina não segue a orientação legal.


Fico muito comovida com todos esses acidentes de afogamentos em piscinas que vitimam crianças pelo Brasil e pelo mundo afora. Este em especial, porque foi muito parecido com o acidente que deixou, há quase 26 anos,  minha filha Flavia vivendo em coma vigil irreversível. Espero que essa criança de agora tenha mais sorte que Flavia e que se recupere. 


Meu solidário e carinhoso abraço para os pais, cujo sofrimento e aflição eu sei bem como é.


Segurança nas piscinas.  Esta é uma causa de todos nós.

Sistemas de segurança em piscinas. Não basta instalar, há que haver manutenção

- 9 de agosto de 2023


Tão importante quanto instalar dispositivos de segurança nas piscinas é fazer a manutenção periódica desses dispositivos, a fim de evitar que o desgaste natural do tempo tornem esses dispositivos obsoletos.

Algumas piscinas onde os dispositivos de segurança para evitar acidentes estão instalados, não fazem a necessária manutenção periódica para que esses dispositivos não percam a sua eficácia.

É importante cobrar dos locais que suas piscinas não só tenham os dispositivos instalados -no mínimo portão auto-travante e tampa anti aprisionamento, que tenham também sua manutenção feita, de preferência a cada seis meses, mas no mínimo uma vez ao ano.

Sem essa manutenção, os dispositivos podem se deteriorar e perder sua eficácia, o que poderia vir a ocasionar acidentes graves ou fatais, sejam por crianças pequenas ultrapassando o portão da piscina e caindo na água, seja por crianças maiores que poderão sofrer a sucção pelo ralo. Esse é um trabalho que deve ser feito por empresas especializadas.

É importante notar que a Lei Federal de Segurança em Piscinas 14327/22 em vigor desde 2022, poderá responsabilizar civil e criminalmente os responsáveis pelo  local, por acidentes que venham acontecer nas piscinas que não tenham os dispositivos de segurança instalados ou que os tenha, mas que estejam sem a indispensável manutenção.

E você, sabe se  foram instalados  os dispositivos de segurança das piscinas onde suas crianças nadam e em caso positivo, se  estão com a manutenção em dia?  Deixe aqui seu comentário.

Cuidar de Pessoas e Música

- 13 de junho de 2023

MÚSICA e sua importância para pessoas em coma ou estado mínimo de consciência.

Desde que minha filha entrou em coma, busquei incansavelmente formas de estimular sua mente, na esperança quase insana de trazê-la de volta à sua vida normal. Uma criança que até seus 10 anos era saudável, alegre e feliz. Depois do acidente ocorrido com ela, intuitivamente, eu lia para Flavia (continuo a ler) Intuitivamente eu falava com Flavia (continuo a falar) para proporcionar a ela estímulos auditivos amorosos. Além disso, a música sempre fez parte de sua rotina diária. Flavia tocava teclado e dançava.

Minha atitude se mostrou correta. No ano de 2010, não me lembro como, fui colocada em contato com a Dra.Eliseth Ribeiro Leão, organizadora do livro cuja foto ilustra este post, livro este escrito por uma talentosa equipe multidisciplinar, entre elas a própria Dra.Eliseth que é graduada em Letras e Enfermagem, fez mestrado e doutorado pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, onde a conheci pessoalmente. E essas são apenas algumas de suas qualificações. O livro, autografado, foi um presente que ganhei de Dra.Eliseth. Neste livro fica-se sabendo dos efeitos benéficos da música no que se refere à qualidade de vida de pessoas enfermas e o Capitulo 11, trata da influência da música e da voz humana em pessoas em estado de coma.

Cuidar de Pessoas e Música é um livro maravilhoso que me ensinou muito e reforçou que estou certa quando continuo dando à Flavia o estimulo amoroso de minha voz assim como de músicas que vão de Sandy, a Chico Buarque, Caetano Veloso, Rita Lee... Flavia também ouve Mozart, Beethoven, Chet Baker... Obviamente tudo deve ser feito com a devida moderação para que não ocorram excessos, já que o silêncio também por vezes é necessário para o descanso da mente.

Obs: Publiquei esse mesmo post no Facebook de Flavia, mas publico aqui de novo para o caso de alguém  entre os que  nos seguem não ter lido lá.

Facebook de Flavia: @Flavia.piscinasegura


Higiene bucal em pessoas em coma vigil ou estado mínimo de consciência

- 7 de junho de 2023

 Flavia sendo atendida em casa pelas dentistas Dra.Selma Toschi e Dra.Lais Liarte

A Higiene bucal de pessoas em coma vígil ou estado mínimo de consciência, como é o caso de Flavia, necessita de cuidados diários intensos e de supervisão odontológica por profissionais preparados para atender clientes com necessidades especiais.

Mesmo sem se alimentar por boca, como também é o caso de Flavia, a pessoa em coma precisa passar por uma rotina diária de cuidados bucais, que são cuidados determinantes para que as gengivas permaneçam saudáveis e os dentes sem cárie.

Higienizar a boca de pessoas em estado mínimo de consciência não é tarefa fácil, mas também não é algo impossível. Com pratica, boa vontade e amor, a gente consegue. Aqui em casa, faço um treinamento intenso com as cuidadoras e exerço supervisão constante. Graças a isto, Flavia se mantém, aos 35 anos, com a higiene bucal em ordem.

Ontem, dia 06/06, Flavia recebeu a visita das dentistas Dra. Selma Toschi e Dra. Lais Liarte, da Clinica @curaorale. Dra. Selma e Dra. Lais são especialistas em cuidar de pacientes com necessidades especiais. Além de excelentes profissionais, elas são também muito gentis.

É isso que diferencia um profissional do outro. A gentileza no trato com as pessoas e amor ao trabalho que realizam. Meus agradecimentos às Dras.Selma e Lais pela forma cuidadosa e gentil com que ontem, atenderam Flavia.


Piscinas: Cerca de proteção e portão auto travante, salvam vidas

- 8 de maio de 2023

Piscina com cerca de proteção e portão auto travante

Imagens obtidas do site da empresa Sodramar onde podem ser encontradas orientações sobre como tornar mais segura a piscina onde sua criança nada ou brinca.

Criança morre afogada em piscina ...
Data: 01/05/2022 - Local: Cidade de Extremoz RN
Fonte: Ponta Negra News


Menina de dois anos morre afogada ...
Data: 02/05/2023 Local: Cuiabá, MT
Uma menina de dois anos morre afogada em piscina de uma chácara, durante uma confraternização da familia.
Fonte: O documento


Menina de 3 anos morre afogada na piscina de um clube...
Data: Local: Cidade de Três Rios, litoral Norte - Bahia
Fonte: Camaçari Noticas


Menino de 5 anos morre afogado em piscina de condomínio
Data: 06/05/2023 Local: São José do Rio Preto - SP
Fonte:G1 (clique para ler a matéria completa)

"Um menino de 5 anos morreu afogado na noite desta sexta-feira (5) na piscina de um condomínio localizado na zona leste de Rio Preto. De acordo com informações do portal DHoje Interior, o menino comemorava o próprio aniversário e o da mãe, no salão de eventos do condomínio.Durante a festa, a criança ​escorregou e caiu na piscina​. A dona de casa não percebeu o incidente e encontrou o menino dentro da piscina cerca de 15 minutos depois....."

.....

Acima, alguns dos acidentes de afogamentos em piscinas, ocorridos já nesta primeira quinzena do mês de maio. E outros infelizmente existem, mas não foram publicados ou não dei conta de aqui publicar.

Os acidentes mencionados neste post poderiam ter sido evitados se as piscinas onde as crianças foram vitimadas, tivessem instalados a cerca de proteção e o portão auto travante. Esses dois simples dispositivos de segurança, acreditem, salvam vidas.

O   que ocorre é que apesar da lei da segurança nas piscinas existir há mais de um ano,  - Lei 14.327/22 a maioria das piscinas do Brasil não têm os dispositivos de segurança na lei mencionados. A norma de segurança em piscinas de numero 10.339/18,  da ABNT também menciona quais os dispositivos de segurança que devem ser instalados na piscina para evitar acidentes.

Infelizmente, falta informação e conscientização das pessoas para os os riscos de afogamento em piscinas e como evitá-los. E em assim sendo, as crianças seguem sendo vítimas desse tipo de acidente que  quase sempre é fatal. 


O que fazer com a dor que nos coube viver?

- 21 de abril de 2023

 

Este post não tem a pretensão de dizer como cada um de nós tem que lidar com uma grande dor, porque isso é individual, porque somos únicos e cada um de nós lida com a dor de maneira singular, como sabe, como pode, como seu estado emocional lhe permite.

Uma das maiores dores que um ser humano pode sofrer é a dor da perda de um filho, seja por morte, seja por um acidente grave que tirou desse filho ou filha a oportunidade de viver uma vida plena.

Com minha filha Flavia, foi assim que aconteceu. Uma perda parcial e devastadora. Flavia aos 10 anos, teve os cabelos sugados pelo ralo da piscina onde nadava, se afogou e desde então passou a viver em estado mínimo de consciência ou coma vígil. Isso faz 25 anos.

Lido com a dor dessa perda como posso. Uma coisa eu aprendi . A dor alheia a longo prazo é insuportável para o outro. Por exemplo, eu me lembro de dois anos depois do acidente que vitimou minha filha, ver conhecidos, ao me ver na rua, mudar de calçada por não saber mais o que me dizer para me consolar por ter minha filha vivendo em coma. E a pessoa que mudou de calçada fez isso, não porque era uma pessoa má, mas porque minha dor lhe era insuportável.

Filhos e perdas. Essa dor nos marca, nos massacra fica aqui, dentro da gente, dia e noite, noite e dia. É uma companhia indesejada e constante. O que faço com ela?! Como não me transformar eu própria numa dor ambulante?! A luta na qual me empenhei para que existisse no Brasil uma Lei Federal por segurança nas Piscinas, foi uma das formas que encontrei para dar algum sentido à dor pela tragédia ocorrida com Flavia. A Lei de segurança nas piscinas do Brasil passou a existir desde Abril de 2022. É a Lei 14.327/22. Informe-se sobre essa Lei. Ela salva vidas!

Cabelos sugados por ralo de piscinas. Em meninos também

- 7 de março de 2023

      Tampa antiaprisionamento que evita a sucção dos ralos 


Dia 05 de Março de 2023, domingo, um menino sofreu um grave acidente porque teve os cabelos sugados pelo ralo da piscina onde nadava. O acidente aconteceu em Montes Claros, Minas Gerais, em um clube. A piscina foi interditada.


A criança foi socorrida e levada ao um Hospital, onde foi internada, respirando por aparelhos.


Infelizmente, mesmo com a existência da Lei de segurança nas Piscinas, em vigor em todo o Brasil desde abril de 2022,  (Lei 14.327/22) os acidentes de afogamentos causados pela sucção dos ralos, seguem acontecendo embora  nem todos sejam divulgados.


Alguns podem pensar que a sucção de cabelos ocorre só com meninas, mas não é assim. Meninos também podem ser vitimas. E vale lembrar que a sucção dos ralos de piscinas, podem  sugar não só cabelos, mas qualquer parte do corpo de uma criança. Fiquem atentos.


A notícia completa  deste acidente pode ser lida no site do  G1





Flavia, o que aprender com seu silêncio

- 6 de janeiro de 2023

 Flavia, aos 10 anos de idade, dois meses antes do acidente que a deixaria para sempre em coma.
 Hoje Flavia tem 35 anos.

06 de Janeiro de 1998. Há exatos 25 anos minha filha Flavia sofria um acidente que mudaria nossas vidas para sempre. Aqueles que acompanham nossa história sabem. Flavia tinha 10 anos e se afogou porque ao nadar e brincar na piscina do prédio onde morávamos, teve os cabelos sugados pelo ralo da piscina, passando dede então a viver em coma vigil ou estado mínimo de consciência.

Ao longo desses 5 anos, tenho cuidado de Flavia com todo o amor que cabe em meu coração e talvez por causa desse cuidado Flavia continua entre nós. Ela é linda, tem os cabelos brilhantes e a pele íntegra. A saúde bucal dela também é muito boa, e isso certamente é o resultado da excelência com que Flavia é cuidada. Uma equipe multidisciplinar me ajuda a cuidar de Flavia. Médicos, fisioterapeutas, auxiliares e técnicas de enfermagens, mas estou à frente, sempre na coordenação e supervisão de todos os detalhes.  Para mim amar é cuidar, por isso sigo cuidando de minha menina. Até quando? Até quando tiver que ser.

Há questões nesta vida para as quais nunca conseguiremos respostas. Como explicar crianças, idosos e pessoas do bem terem a vida abruptamente interrompidas ou dilaceradas por sofrimentos infindáveis? Quem explica que minha menina de 10 anos, linda e saudável, tenha que passar a viver em estado mínimo de consciência?! E a empatia que me faz colocar no lugar do outro, me leva à dor dos pais que perderam seus filhos neste mesmo tipo de acidente ocorrido com Flavia, ou num outro tipo de acidente, ou perderam seus filhos para uma doença. A perda de um filho (a) é dilacerante. Não se supera esta dor, adaptamo-nos a ela, aprende-se a com ela conviver. Para sobreviver. 

A vida é mesmo repleta de mistérios. Pergunto-me infinitas vezes o que mais posso aprender convivendo dia e noite com o silêncio de Flavia. Como superar a saudade de sua voz?! 25 anos depois, ainda consigo me lembrar da voz de minha filha criança. Que a lembrança de sua voz permaneça em mim para sempre. Para sempre. Que eu possa usar o acidente ocorrido com Flavia como um alerta para evitar outras tragédias como a que nos ocorreu. Que a Lei Federal de Segurança nas Piscinas pela qual tanto lutei e finalmente  aprovada em 2022, seja aplicada em todas as piscinas existentes no Brasil a fim de evitar novos acidentes. Toda criança merece e tem o direito de nadar e brincar em um piscina segura.

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