Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

Flavia, o que aprender com seu silêncio

- 6 de janeiro de 2023

 Flavia, aos 10 anos de idade, dois meses antes do acidente que a deixaria para sempre em coma.
 Hoje Flavia tem 35 anos.

06 de Janeiro de 1998. Há exatos 25 anos minha filha Flavia sofria um acidente que mudaria nossas vidas para sempre. Aqueles que acompanham nossa história sabem. Flavia tinha 10 anos e se afogou porque ao nadar e brincar na piscina do prédio onde morávamos, teve os cabelos sugados pelo ralo da piscina, passando dede então a viver em coma vigil ou estado mínimo de consciência.

Ao longo desses 5 anos, tenho cuidado de Flavia com todo o amor que cabe em meu coração e talvez por causa desse cuidado Flavia continua entre nós. Ela é linda, tem os cabelos brilhantes e a pele íntegra. A saúde bucal dela também é muito boa, e isso certamente é o resultado da excelência com que Flavia é cuidada. Uma equipe multidisciplinar me ajuda a cuidar de Flavia. Médicos, fisioterapeutas, auxiliares e técnicas de enfermagens, mas estou à frente, sempre na coordenação e supervisão de todos os detalhes.  Para mim amar é cuidar, por isso sigo cuidando de minha menina. Até quando? Até quando tiver que ser.

Há questões nesta vida para as quais nunca conseguiremos respostas. Como explicar crianças, idosos e pessoas do bem terem a vida abruptamente interrompidas ou dilaceradas por sofrimentos infindáveis? Quem explica que minha menina de 10 anos, linda e saudável, tenha que passar a viver em estado mínimo de consciência?! E a empatia que me faz colocar no lugar do outro, me leva à dor dos pais que perderam seus filhos neste mesmo tipo de acidente ocorrido com Flavia, ou num outro tipo de acidente, ou perderam seus filhos para uma doença. A perda de um filho (a) é dilacerante. Não se supera esta dor, adaptamo-nos a ela, aprende-se a com ela conviver. Para sobreviver. 

A vida é mesmo repleta de mistérios. Pergunto-me infinitas vezes o que mais posso aprender convivendo dia e noite com o silêncio de Flavia. Como superar a saudade de sua voz?! 25 anos depois, ainda consigo me lembrar da voz de minha filha criança. Que a lembrança de sua voz permaneça em mim para sempre. Para sempre. Que eu possa usar o acidente ocorrido com Flavia como um alerta para evitar outras tragédias como a que nos ocorreu. Que a Lei Federal de Segurança nas Piscinas pela qual tanto lutei e finalmente  aprovada em 2022, seja aplicada em todas as piscinas existentes no Brasil a fim de evitar novos acidentes. Toda criança merece e tem o direito de nadar e brincar em um piscina segura.

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