O hospital estava em reforma e durante todo o dia ouviam-se ensurdecedoras batidas de marretas, o que aumentava o desconforto. Lembro-me de um dia em que Dr.Fernando reclamou do barulho pois não conseguia se fazer ouvir. Na verdade, as vozes das pessoas eram abafadas pelas marretadas e conversar ficava difícil. O pó era também outro problema. Como fazia muito calor, levei de casa um ventilador para a salinha onde Flavia foi instalada. Bastou uma semana para que as engrenagens do aparelho mostrassem uma enorme quantidade de pó acumulado. Pensei horrorizada naquele pó entrando pelas narinas de minha filha e das demais crianças ali internadas. Dr. Cid, o médico chefe da UTI dizia que nada podia fazer e não podia mesmo já que a reforma tinha que prosseguir.
Antes do acidente Flavia estava fazendo tratamento para a correção dos dentes e Dr.Marcelo, o ortodentista foi até a UTI para retirar os brackets da boquinha dela. Brackets são aquelas pecinhas onde o aparelho é fixado. Ao ver Dr.Marcelo desfazer o seu trabalho, tive o pressentimento de que minha filha passaria um longo peródo no hospital e uma imensa angústia tomou conta de mim.
Antes do acidente Flavia estava fazendo tratamento para a correção dos dentes e Dr.Marcelo, o ortodentista foi até a UTI para retirar os brackets da boquinha dela. Brackets são aquelas pecinhas onde o aparelho é fixado. Ao ver Dr.Marcelo desfazer o seu trabalho, tive o pressentimento de que minha filha passaria um longo peródo no hospital e uma imensa angústia tomou conta de mim.
No 16. dia desligaram os equipamentos e Flavia passou a respirar sozinha. Respirava pela boca e fazia um barulho horrível com som de ronco. Era, me explicou o médico, devido a possível lesão na garganta dela, ao ser entubada na beira da piscina, mas que isso passaria com o tempo. Percebi que a hipertonia aumentava e ela passou a cerrar os dentes, Não raro mordia os lábios que inchavam o que lhe causava mais desconforto. Botaram então em sua boca uma guedel, que é uma borracha lembrando uma chupeta, muito desconfortável, mas servia para impedir que ela fechasse a boca e mordesse os lábios. Aquilo, a tal guedel, era uma coisa horrorosa e não parava na boca de Flavia. A todo momento tínha-se que ajeitar a peça que teimava em escorregar de sua boca. Por ela não conseguir engolir nada, os médicos me orientaram a chamar uma fonoaudióloga que ajudaria na recuperação da deglutição. Fui atrás de uma profissional, sempre com a preocupação de que fosse alguém competente. Então, a partir daí Flavia começou a receber tratamento fonoaudiólogo, com o objetivo de que ela voltasse a engolir, nem que fosse a própria saliva. No entanto, o tempo passava e nenhuma melhora acontecia, a hipertonia continuava forte, ela transpirava muito e tinha febres altas. O sofrimento dela era grande. Eu, sofria igual.