Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

AINDA NA UTI (continuação...)

- 26 de janeiro de 2007
15. dia na UTI. Flavia continuava usando aparelho para respirar e em coma induzido. Os médicos foram diminuindo a medicação que a mantinha nesse estado e no 16. dia ela abriu os olhos. Ao entrar na UTI e vê-la de olhos abertos, meu coração disparou e pensei:

- Meu Deus! Flavia saiu do coma!

Ilusão minha. Ela apenas abrira os olhos. Não esboçava qualquer reação e não me reconheceu nem a nenhum de nossos amigos que mais tarde a visitaram. O neurologista me explicou que era assim mesmo. Teríamos que esperar os próximos dias para ver a evolução do quadro.

Nos quinze dias em que esteve de olhos fechados, Flavia não se movia, parecia estar em um longo e profundo sono. Ao abrir os olhos começou a esticar os pés em movimentos involuntários e os médicos me alertaram para as deformidades que tais movimentos poderiam causar. Esses movimentos involuntários são causados por hipertonia, uma hiper atividade do tõnus muscular - um comando cerebral desordenado, causado pelo dano cerebral sofrido e que quase sempre leva à deformidades físicas. Fui orientada pelos médicos a providenciar órteses, aparelhos que podiam ser feitos na oficina ortopédica da Santa Casa. Flavia passaria a usar esses aparelhos nos pés, com o objetivo de conter as deformidades. Com o passar dos dias, além dos pés a hipertonia foi atingido o corpo todo.

Preocupava-me muito o fato de Flavia estar no meio de outras crianças com males diversos e pedi que a colocassem em uma sala separada que havia ao lado e que estava vazia. A sala era bastante pequena mas eu a preferia alí pois temia que ela contraisse alguma infecção. Depois de alguns dias de muita insistência, finalmente fui atendida e eñtão pude passar mais tempo ao lado de Flavia. No canto da salinha colocaram uma dessas cadeiras de piscina e com frequência eu adormecia na tal cadeira, toda torta. Devo ter despertado pena nos médicos e enfermeiras porque alguns dias depois a cadeira foi substituida por uma poltrona.

Passei a ser presença constante do lado de fora daquela porta de UTI. Durante o dia eu ficava esperando permissão para ver Flavia. À noite, o pai dela e minha amiga Claudine se revezavam por algumas horas. Fazíamos isso para tentar passar à Flavia o calor da presença e o carinho de pessoas queridas, apesar de sabermos que em UTIs, nem sempre é permitido aos parentes ou quem quer que seja permanecerem por longos períodos. O hospital entende que a presença das pessoas acaba atrapalhando o trabalho dos médicos e enfermeiras. Devem ter razão.

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