No post deste blog do dia 08 de Maio, “Voltando Para Casa”, eu relatei como foi a saída de Flavia do Hospital, após oito meses de hospitalização. E disse que ela, mesmo continuando em coma, passaria a ser cuidada em casa pelo sistema Home Care. Fiquei sabendo pelos meus amigos Carlos Rocha e Isabel Filipe de Portugal que lá, os planos de saúde não cobrem Home Care. É interessante esse intercâmbio de informações que nos permite conhecer melhor a cultura e o modo de vida das pessoas nos diferentes países. Em todos, há coisas boas e más. O que for bom faz todo o sentido aplaudirmos, mas cabe a nós como cidadãos, reclamar, protestar e denunciar o que julgamos errado, cabe a nós, cobrar de nossos governantes que cumpram as promessas que fazem – todos, sem exceção - ao se candidatarem a qualquer cargo público. Afinal, eles nos devem o cumprimento dessas promessas porque se estão no poder, fomos nós que os colocamos lá.
Mas voltando ao Home Care de Flavia.
Setembro de 1998.
Flavia estava instalada em casa e pouco a pouco tentávamos resgatar nossa rotina de vida, pelo menos naquilo que fosse possível, mas não demorou muito para percebermos que nada mais seria como antes. Na época, eu trabalhava na empresa Hewlett Packard, e foi graças à HP que me proporcionava um convênio médico com cobertura para Home Care que foi possível manter minha filha em casa. Mesmo assim a situação era muito dolorosa. O quarto de Flavia se transformou numa pequena UTI e teríamos, eu e Fernando, que nos acostumar com a presença de pessoas estranhas dentro de nossa casa, 24 horas. Fernando, então com 14 anos, quando não estava na escola, ficava a maior parte do tempo em seu quarto, e com a porta fechada, saindo apenas para fazer as refeições.
No trabalho, eu tentava me concentrar em minhas tarefas, nem sempre conseguindo. Nessa época a compreensão e sensibilidade do Diretor de Recursos Humanos, Alberto Golbert, com quem eu trabalhava, foi muito importante. Golbert, um ser humano sensível e doce, não se incomodava, ou pelo menos não demonstrava sentir-se incomodado, pelas várias interrupções que meu trabalho sofria, quando a curtos intervalos, um colega de trabalho aparecia para conversar comigo, perguntar sobre o estado de Flavia e demonstrar solidariedade. E assim, com minha performance profissional afetada, ao fim do dia, eu voltava para casa, me sentindo aliviada por não ter que atravessar a cidade para ver Flavia no Hospital. Então, eu não precisava mais me dividir entre meus filhos, ambos estavam ali, ao alcance de alguns passos, e de meus abraços.
Ao relatar estes fatos, quero mostrar como a vida das pessoas pode mudar dolorosamente de uma hora para outra, por causa de um acidente como o que aconteceu com minha filha, e como tantos outros que acontecem todos os dias no Brasil e no mundo. Exemplo disso, é o acidente que acaba de acontecer com a criança Abigail Taylor, nos Estados Unidos, mencionado no post anterior deste blog, e causado pelo mesmo motivo – um ralo de piscina instalado e funcionando de forma irregular. Sei que para Abigail e sua família, uma nova e dolorosa rotina se instalou em suas vidas. O que defendo aqui é que se não houve fatalidade e sim negligência na ocorrência de um acidente, os responsáveis devem ser severamente punidos. Enquanto isso não acontecer, cabe a nós não deixar que o assunto caia no esquecimento.
Mas voltando ao Home Care de Flavia.
Setembro de 1998.
Flavia estava instalada em casa e pouco a pouco tentávamos resgatar nossa rotina de vida, pelo menos naquilo que fosse possível, mas não demorou muito para percebermos que nada mais seria como antes. Na época, eu trabalhava na empresa Hewlett Packard, e foi graças à HP que me proporcionava um convênio médico com cobertura para Home Care que foi possível manter minha filha em casa. Mesmo assim a situação era muito dolorosa. O quarto de Flavia se transformou numa pequena UTI e teríamos, eu e Fernando, que nos acostumar com a presença de pessoas estranhas dentro de nossa casa, 24 horas. Fernando, então com 14 anos, quando não estava na escola, ficava a maior parte do tempo em seu quarto, e com a porta fechada, saindo apenas para fazer as refeições.
No trabalho, eu tentava me concentrar em minhas tarefas, nem sempre conseguindo. Nessa época a compreensão e sensibilidade do Diretor de Recursos Humanos, Alberto Golbert, com quem eu trabalhava, foi muito importante. Golbert, um ser humano sensível e doce, não se incomodava, ou pelo menos não demonstrava sentir-se incomodado, pelas várias interrupções que meu trabalho sofria, quando a curtos intervalos, um colega de trabalho aparecia para conversar comigo, perguntar sobre o estado de Flavia e demonstrar solidariedade. E assim, com minha performance profissional afetada, ao fim do dia, eu voltava para casa, me sentindo aliviada por não ter que atravessar a cidade para ver Flavia no Hospital. Então, eu não precisava mais me dividir entre meus filhos, ambos estavam ali, ao alcance de alguns passos, e de meus abraços.
Ao relatar estes fatos, quero mostrar como a vida das pessoas pode mudar dolorosamente de uma hora para outra, por causa de um acidente como o que aconteceu com minha filha, e como tantos outros que acontecem todos os dias no Brasil e no mundo. Exemplo disso, é o acidente que acaba de acontecer com a criança Abigail Taylor, nos Estados Unidos, mencionado no post anterior deste blog, e causado pelo mesmo motivo – um ralo de piscina instalado e funcionando de forma irregular. Sei que para Abigail e sua família, uma nova e dolorosa rotina se instalou em suas vidas. O que defendo aqui é que se não houve fatalidade e sim negligência na ocorrência de um acidente, os responsáveis devem ser severamente punidos. Enquanto isso não acontecer, cabe a nós não deixar que o assunto caia no esquecimento.
6 comentários
Infelizmente a sua vida deu uma volta de 300º ou mais...
Eu sei o k isso é, nao por experiencia propria (graças a Deus), mas pk uma amiga minha esta numa situação delicada tb ha ja 5 anos...
o blog dela é o http://cantinhodosdesabafos.blogspot.com
visite...
bj bom fim de semana
a vida é uma roleta, uns tem sorte, outros não
A vida não está 100% nas nossas mãos. Neste relato, vemos alguma coisa de positivo,temos de ver só assim a vida tem significado veja-se o que é de louvar. A compreenção no trabalho, chefias humanas, e não maquinas opressoras.
Eu tive de ser operado ao coração e a rapidez foi graças a um seguro de empresa que ajudou e muito ao custo de tal intervenção, Assim é o estado da saúde em Portugal e no mundo, e ainda dizem que o dinheiro não ajuda este ajuda e muito.
Saudações beijos
"Cabe a nós não deixar que caia no esquecimento..." dizes e com inteira razão.
Infelizmente, fatalidade ou negligência, a vida de Flávia, sofreu danos irrecuperáveis e a vida da família ficou afectada irremediavelmente. E essa circunstância carece de atenção particular de quem de direito.
Apesar disso, a JUSTIÇA(?) continua incansavelmente adormecida.
Um abraço
Vim deixar meu beijo pra Flávia.
Não tenho palavras pra comentar, pois tb tenho filhos e não quero pensar que algo pudesse mudar o rumo de suas vidas
Muitas vezes evoluimos atraves de grandes acontecimentos em nossas vidas, nao posso imaginar sua dor mas rezo por ti querida amiga e espero que um milagre aconteça em sua vida como o raio de sol que brilha todos os dias como um grande milagre!
Big Kiss
Olá Odele,
a justiça dos homens é injusta e defende quem tem mais poder/dinheiro.
Quando será que a justiça se tornará directamente proporcional à verdade?
É preciso continurmos a lutar pela verdade, pela justiça e pela Flavia.
Saudações amigas
Mário Relvas