Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

A VIDA SE TRANSFORMANDO...

- 2 de janeiro de 2007
Aconteceu assim:

Dia 06 de Janeiro de 1998. Quatro horas da tarde e fazia muito calor. De férias de meu trabalho na HP, eu lia um livro na sala quando F. e Flavia em trajes de banho, me disseram que estavam descendo para a piscina. Morávamos no 8º. andar da Av.Juriti, 541 em Moema – S.Paulo. F. faria 14 anos em Abril, Flavia acabara de completar 10.

Meus filhos estavam acostumados a nadar naquela piscina, que media 7,10m por 6,40m com profundidade média de 0,95m, perfazendo um volume de água de aproximadamente 43 m3. Flavia sempre foi uma menina grande para sua idade. Em pé, em toda a extensão da piscina a água lhe chegava um pouco abaixo dos ombros, era portanto, uma piscina rasa. Além disso, Flavia freqüentava aulas de natação desde bebê e nadava com desenvoltura.

Por volta das 18.30h horas eu fazia qualquer coisa dentro de casa quando ouvi os gritos de meu filho vindos da piscina. Pensei que ele estivesse brincando e preocupada que seus gritos incomodassem os vizinhos, me aproximei da janela da área de serviço, de onde eu avistava a piscina. A cena que vi ficou para sempre gravada em minha memória: Flavia estendida no deck da piscina e F. em desespero, debruçado sobre ela. Chamei por F. e ele ao me ver na janela gritou:
- Mãe!!! Flavia.....
Percebi que algo terrível acontecera e sem esperar que F. terminasse a frase, desci correndo pelas escadas, os oito andares que me separavam de meus filhos.

Já em pânico, tive dificuldades em me aproximar de Flavia devido ao aglomerado de pessoas em volta dela. Alguém me segurou com força e num tom quase hostil dizia que eu deveria me acalmar. Gritei que ela era minha filha e tentei me desvencilhar dos braços que me seguravam. Quando consegui chegar mais perto, vi Flavia de olhos fechados, imóvel, roxinha. Comecei a repetir para mim mesma:

- Não há de ser nada, não há de ser nada...não há de ser nada....

Infelizmente, o tempo se encarregaria de mostrar que seria uma longa e terrível tragédia e que a partir daquele momento nossas vidas passariam por uma radical e dolorosa transformação.

4 comentários

Anônimo disse...

Oi Odele! Puxa, sempre te admirei muito pela força, pela garra, pelo exemplo de luta, pelo jeito que cuida e conversa com a Flávia, um amor sem tamanho!! Não sabia que você queria escrever um livro, mas achei muito legal, torço demais para que tudo dê certo e no que puder ajudar pode contar, as pessoas não tem noção de muita coisa que acontece né? Vou mandar o endereço do Blog para as pessoas que conheço, para ajudar na divulgação e com isso quem sabe caminhando ao livro...
Saiba que vocês são mto especiais para mim, muitos beijos!!!

Odele Souza disse...

Oi Naty,

Desculpe não ter respondido antes, mas obrigada pelo comentário e pelo interesse. Beijos.

Anônimo disse...

Olá, Odele.

Meu nome é Ana Daniela. Nunca sofri nenhum acidente, nunca passei nenhum sofrimento como o seu, de ter um filho ou algum familiar em coma por conta da irresponsabilidade de alguém. Mas não aceito ficar de braços cruzados vendo isso que aconteceu com vc!!! Todos nós deveríamos sempre pensar que a dor do próximo poderia ser a nossa. Para tanto, vou tentar divulgar o máximo possível seu blog. Esse não é o primeiro caso que vejo. Aconteceu outro no Motel Asturias, e a jovem acabou falecendo. Como anda esse caso? Sei que vc deve conhecer, já que passou por algo muito semelhante.

Anônimo disse...

Ah... qualquer coisa que precisar, se quiser divulgar algo, pode me procurar no anadanibc@uol.com.br

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