Durante o ano seguinte ao acidente com Flavia, ou seja 1999, eu e meu filho Fernando tentávamos assimilar essa nova rotina, essa nova forma de viver, tão diferente daquela que tínhamos antes, quando todos saudáveis, riamos a toa, e mesmo sendo uma família pequena, éramos felizes.
O acidente com Flavia mudou tudo. Apesar do Home Care possibilitar sua permanência em casa, numa espécie de mini UTI, perdemos a privacidade. Tínhamos sempre alguém estranho dentro de nossa casa, num entra e sai constante de pessoas que claro, faziam o trabalho delas: Visitavam, cuidavam, supervisionavam..... Era bom ter Flavia em casa, era ruim abrir a porta todas as manhãs e receber com freqüência, uma pessoa diferente daquela que havia estado em nossa casa no dia anterior, uma pessoa estranha, que passaria o dia todo ao lado de Flavia, sem ter tido oportunidade de criar com ela ou comigo e Fernando, qualquer vínculo de amizade e carinho.
Fernando, então com 14 anos, era uma preocupação para mim. Ele, que no dia do acidente retirou a irmã da água, puxando-a pelos cabelos presos ao ralo da piscina, enclausurou-se em si mesmo. Quando não estava na escola, ficava em seu quarto, com a porta sempre fechada. Depois de algum tempo consegui estabelecer com ele um código de afeto: Descalços ambos, eu o fazia subir em meus pés e caminhávamos assim pela casa, cambaleando e rindo, num esforço mútuo de equilíbrio físico. E dessa forma tão infantil, eu e Fernando brincamos por um bom tempo. Mas a dor continuava ali. Presente e diária.
Sabemos, quase todos sabemos, que não se deve alimentar tristeza e dor, mas quando grandes perdas nos atingem, não há como evitar, sucumbimos, pelo menos por um bom período, sucumbimos. Precisaremos de algum tempo para digerir, para assimilar essa experiência de dor intensa e imensa. Não há meios de apressar essa passagem dolorosa, há que deixarmos que a dor fique e permaneça enquanto tiver que ficar, enquanto não nos for possível expulsá-la de nossos gestos, de nossos rostos, de nossa voz, nossas entranhas, até que, não de repente, mas pouco a pouco, possamos dizer para nós mesmos, repetidas e repetidas vezes que a vida continua. Da forma que for...
O acidente com Flavia mudou tudo. Apesar do Home Care possibilitar sua permanência em casa, numa espécie de mini UTI, perdemos a privacidade. Tínhamos sempre alguém estranho dentro de nossa casa, num entra e sai constante de pessoas que claro, faziam o trabalho delas: Visitavam, cuidavam, supervisionavam..... Era bom ter Flavia em casa, era ruim abrir a porta todas as manhãs e receber com freqüência, uma pessoa diferente daquela que havia estado em nossa casa no dia anterior, uma pessoa estranha, que passaria o dia todo ao lado de Flavia, sem ter tido oportunidade de criar com ela ou comigo e Fernando, qualquer vínculo de amizade e carinho.
Fernando, então com 14 anos, era uma preocupação para mim. Ele, que no dia do acidente retirou a irmã da água, puxando-a pelos cabelos presos ao ralo da piscina, enclausurou-se em si mesmo. Quando não estava na escola, ficava em seu quarto, com a porta sempre fechada. Depois de algum tempo consegui estabelecer com ele um código de afeto: Descalços ambos, eu o fazia subir em meus pés e caminhávamos assim pela casa, cambaleando e rindo, num esforço mútuo de equilíbrio físico. E dessa forma tão infantil, eu e Fernando brincamos por um bom tempo. Mas a dor continuava ali. Presente e diária.
Sabemos, quase todos sabemos, que não se deve alimentar tristeza e dor, mas quando grandes perdas nos atingem, não há como evitar, sucumbimos, pelo menos por um bom período, sucumbimos. Precisaremos de algum tempo para digerir, para assimilar essa experiência de dor intensa e imensa. Não há meios de apressar essa passagem dolorosa, há que deixarmos que a dor fique e permaneça enquanto tiver que ficar, enquanto não nos for possível expulsá-la de nossos gestos, de nossos rostos, de nossa voz, nossas entranhas, até que, não de repente, mas pouco a pouco, possamos dizer para nós mesmos, repetidas e repetidas vezes que a vida continua. Da forma que for...
6 comentários
Já tinha conhecimento do caso da Flávia através do Blog a " A casa da Sogra"mas hoje e porque tive algum tempo disponível reli muito bem os ultimos posts,fiquei muito sensibilizada,e queria pedir caso deixe que faça um post no meu blog logo que tenha algum tempo,porque nesta época do ano trabalho muitissímo.
Gostaria de sensibilizar todas as pessoas para que se tornem um pouco mais humildes e sensíveis porque afinal,estámos bem agora,mas no minuto a seguir tudo pode acontecer.
Também sou mãe...esta situação é demasiado sensível para mim.
Um grande beijinho para a Flavia deste lado do Atlântico,mais concretamente Sines.
Bjs Zita
sem comentarios com umgrande beijo para a Odete e Flávia
saudações amigas
entrei para vos abraçar, como se estivesse aí desse lado
um beijo especial ao Fernando, um menino muito corajoso
li-te e compreendi o que queres dizer.
repito ao teu lado, tentando dar-te a força que precisas, junto a minha voz à tua e digo contigo: "a vida continua. Da forma que for..."
abraço-vos com um grande carinho, com muita força e com a esperança que tudo se vai resolver pelo melhor
um beijo
lena
Um beijo para a Flávia. Um beijão para ti, com toda a veneração por esse teu coração de mãe.
O Fernando... do Fernando nem adianta falar, é melhor ler.
Um abraço
Odele e Fernando, a minha admiração por vós é evidente.
Beijos amigos para vós e Flavia
A convite da Meninamarota entrei na vossa casa.
Não tenho palavras.
Um grande abraço para todos e toda a confiança possível.
Até breve.