Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.
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PISCINA SEGURA, RESPONSABILIDADE DOS PAIS?!

- 27 de julho de 2008
Foto por mim scaneada do Jornal A Folha de São Paulo.

Transcrevo alguns trechos da matéria publicada no Jornal FOLHA DE SÃO PAULO de domingo passado, dia 20 de Julho de 2008, no caderno “Construção”. A matéria está assinada por Mariana Desimone e vem com o título de PISCINA SEGURA. Infelizmente, não consegui o link na Internet para direcionar vocês para a reportagem. Quem por acaso puder me informar esse link, ficarei agradecida.

Título da reportagem:
"PISCINA SEGURA: SUCÇÃO DO RALO REPRESENTA POSSIBILIDADE DE ACIDENTE”

Nesta matéria fica claro que a sucção do ralo representa perigo e “o pior que pode acontecer é uma criança ficar presa pelos cabelos em um ralo desses”.

Realmente, é o pior que pode acontecer e infelizmente aconteceu - e continua acontecendo - com várias pessoas, conforme vem sendo documentado neste blog e infelizmente foi também o que aconteceu com Flavia. Seus cabelos foram sugados “por um desses ralos”. Venho, há mais de nove anos tentando provar isto na justiça paulista, sendo que tanto o Condomínio Jardim da Juriti, quanto à empresa JACUZZI DO BRASIL , vêm se negando a admitir esta evidência provada nos autos do processo de Flavia. Que provas são essas? A piscina onde Flavia sofreu o acidente foi esvaziada quatro vezes e "periciada" por profissional designado pela própria justiça. No laudo está escrito:

“O condomínio autor forneceu ao signatário, cópias de duas plantas, mas que, no entanto, não representam fielmente a realidade local. Nas aludidas plantas notou-se que o projeto sugeria conjunto motor/bomba com 0,50 cv. (meio cavalo vapor) sendo que atualmente, pelas informações prestadas e colhidas na primeira visita, o referido equipamento foi substituído pelo condomínio, posteriormente, muito embora antes do acidente com a co-autora, o qual está lá instalado, até a presente data em funcionamento, tem potência de 1,5 cv (um e meio cavalo-vapor)”.Conclusões da perícia:

“... a perícia pôde concluir que:Houve substituição do conjunto motor/bomba/filtro e a instalação de um aquecedor, o que aconteceu antes do acidente. O equipamento anterior possuía potência de 0,50 cv (cavalo motor) e o atual, adquirido pelo condomínio é de 1,50 cv, da marca Jacuzzi....... o conjunto motor/bomba/filtro adquirido pelo condomínio, possui potência acima das necessidades locais, adequado para uma piscina de 104 m3 de água. A piscina da presente ação possui 43 m3, podendo ser considerado o conjunto, superdimensionado em 78%.
“....... o signatário entende que a sucção, da forma como aconteceu com a co-autora, não estaria relacionada com o seu peso, podendo tal fato ter ocorrido, mesmo que ela possuísse maior ou menor massa, desde que seus cabelos se aproximassem do aludido ralo....”.
Frase minha: O parágrafo acima explica porque também adultos têm sido vitimadas por acidentes com ralos de piscinas.

Está ainda no artigo da Folha de São Paulo:

“Uma vez pronta a piscina, outras medidas são necessárias para que o lazer aquático seja seguro para todos."

"Augusto Araújo, diretor da fabricante Sodramar, aponta a sucção como um dos elementos que devem receber a atenção especial dos pais. “Dependendo do tamanho da piscina, há uma força muito grande nas saídas de água. O pior que pode acontecer é uma criança ficar presa pelo cabelo em um ralo desses”, alerta.

O texto a seguir não faz parte da reportagem - são palavras minhas.

Sr. Augusto Araújo:
Pois esse pior aí a que o senhor se refere, aconteceu com minha filha Flavia. A forte sucção do ralo da piscina em que ela nadava, sugou o cabelo de Flavia, deixando-a presa embaixo dágua o que lhe causou um quase afogamento. As seqüelas? Flavia entrou em coma vigil irreversível, e vive (vivemos) – em sofrimento – há mais de 10 anos.

Sr. Augusto Araújo:
Não concordo que sejam os pais a "darem atenção especial" e terem que se preocupar se a sucção do ralo da piscina onde suas crianças brincam e se divertem, está ou não tão forte que lhes ofereça perigo de vida. Como exigir dos pais capacidade técnica para avaliar essa condição de perigo?! São os pais por acaso conhecedores da correta relação entre potência do motor de sucção e a metragem cúbica de água da piscina onde seus filhos brincam e se divertem?! Essa preocupação Sr. Augusto, deveria ser em primeiro lugar do fabricante do sistema de sucção da piscina, que deveria além de fazer constar em seus manuais a possibilidade de acidentes, caso exista desproporção entre o sistema de sucção da água e o tamanho da piscina, assim como também disponibilizar pessoa tecnicamente habilitada para orientar verbalmente o consumidor final. Em se tratando de evitar acidentes e mortes Sr.Augusto, isto seria o mais correto a ser feito. E essa preocupação deveria ser também do responsável pela manutenção e funcionamento da piscina. E - de novo – em se tratando de evitar acidentes graves, não seria demais que piscinas de uso público e coletivo tivessem obrigatoriamente que passar por fiscalização periódica e no caso de serem constatadas irregularidades, os responsáveis punidos, não simbolicamente claro, mas exemplarmente.

Ricardo Bargieri, presidente da fabricante Jacuzzi, participa desta matéria, mas limita-se a falar da limpeza da piscina. Senhor Ricardo Bargieri, o que falta para a empresa que o senhor preside admitir que minha filha teve os cabelos sugados por um ralo de fabricação Jacuzzi – instalado fora dos padrões técnicos de segurança por falta de informação da Jacuzzi? Senhor Ricardo Bargieri, o que falta para a empresa que o senhor preside assumir uma postura de responsabilidade civil e indenizar Flavia com um valor adequado e coerente com a dimensão e gravidade do acidente que lhe deixou em coma vigil irreversível?! Senhor Ricardo Bargieri, uma empresa não se mantém líder apenas por estar bem posicionada no mercado, mas sim por assumir uma postura de responsabilidade social, onde fique claro que essa empresa está mais preocupada com vidas humanas do que com o seu próprio lucro.

Senhores juizes: E depois de mais de nove anos de luta pelos direitos de Flavia, o que ainda lhes falta para que a empresa Jacuzzi do Brasil seja exemplarmente condenada a pagar à Flavia uma indenização que me permita cuidar dela com a qualidade de vida que ela precisa e que lhe proporcione uma sobrevida digna!?

Obs: Os negritos do texto são meus.
Até o próximo post.
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