Esta foto foi tirada em 13 de Janeiro de 1995, mostra Flavia dançando com uma moça que acabara de conhecer em um Hotel Fazenda no interior de São Paulo, onde eu, ela e Fernando fomos passar as férias. Flavia estudou jazz e gostava muito de dançar.
Há quase dois anos, Fernando escreveu em seu blog um texto para a irmã, que transcrevo abaixo. De vez em quando, gosto de ler para Flavia, esta declaração de amor de Fernando. Estou certa de que ela gosta de ouvir.
Há quase dois anos, Fernando escreveu em seu blog um texto para a irmã, que transcrevo abaixo. De vez em quando, gosto de ler para Flavia, esta declaração de amor de Fernando. Estou certa de que ela gosta de ouvir.
" SUA SALA DE DANÇA
Flávia dança no escuro. Teve tempo para praticar, pois é só o que faz desde os 11 anos de idade, e isso já foi há 7 anos. Ela já sabe bem o que fazer, sem nunca ninguém ter ensinado. Gira e gira até criar um mundinho só seu: onde a luz nunca deixa de brilhar, a cortina nunca fecha e as pessoas nunca param de aplaudir. Seu figurino é sempre o mesmo: um maiô roxo com uma estrela dourada no peito e uma saia rosa que dança junto com suas piruetas. A meia calça é verde e furada no pé, porque Flávia não precisa de sapatilhas. E com essa estranha combinação de cores, ela se torna a mais bonita bailarina que você poderia imaginar. De verdade! O cabelo solto e despenteado e um sorriso sincero com um canino torto são os acessórios que terminam seu desenho caprichado. Flávia não precisa de música para dançar. Seus movimentos já compõem toda a trilha necessária. As notas que faltam, eu tento cantar bem baixinho no ouvidinho dela, um jeito de quem sabe ela me achar no escuro da sala de dança. Assim ela mexe braços e pernas, joga o cabelo, pula de um lado pro outro mostrando que extraordinário mesmo é poder amá-la. E você acha que ela só sabe dançar? Ela toca violino também! Ou era piano? Flauta doce? Faz das notas um abraço apertado, um beijinho no cotovelo, uma pontinha de dedo descansando dentro da sua orelha. Uma risada gostosa que brinca de acompanhar o instrumento. O mundo fora da sala de dança não parece ser tão legal. Ou pelo menos não foi bom o bastante para segurar uma bailarina tão talentosa. Aqui não tem abraço apertado, nem beijinho no cotovelo. Mas tem um menino que só sabe chorar quando é tarde demais..."
Fernando
Fernando
9 comentários
Excelente este texto de Fernando.
Obrigado pela partilha.
Flávia tem, certamente, a melhor mãe e o irmão mais carinhoso.
(Obrigado pelas palavras bonitas sobre as fotografias. Do Brasil há muitas mais em meses anteriores).
Um abraço
Querida Odele,
Pela grande mulher que és ...pelo que já aprendi contigo e por muito mais ... elegi-te um dos meus 5 Blogs preferidos ... tens lá um Award ... é teu ...
Bom fim de semana
Beijinhos com muito carinho e a minha amizade
P.S.: Volto mais logo para comentar o Post, pois ainda não o li
Cheguei aqui pelo blog de Vitor Cintra. Quero dar-te um forte abraço pela tua força de viver.
Abraço
Nossa nao tenho palavras para expor meus profundos sentimentos, mas creio que Deus esta ao seu lado e nao ira abandona-la.
tenha fé em Deus e de uma desgraça transforme-a em um grande milagre ...
Com lagrimas nos olhos desejo tudo de bom para ti.
... é tão lindo esta declaração de amor do Fernando para a Flávia ...
é simplesmente bela ...
vou agora conhecer o Fernando.
Beijinhos
Em coma está as promessas feitas em prol da saúde e creio que no mundo todo....Deus é onipotente e sempre sabe o melhor pra nós.
enviei-te um mail com as indicações ue precisas ....
beijinhos
Querida Odele,
aqui te trago um texto recente, escrito no meu blog:
"Réstia de luz"
"Dei comigo quedado num pensamento profundo. Olhei ao meu redor e vi tristeza, onde ontem via alegria. Sonhei um mundo justo. Que pesadelo vivo. Um mundo brusco, feio e inerte na busca do amor, sem contudo o conseguir. Sim, falhei, não consegui o que sonhei. Sim, olho para o meu rebento e não vejo além.
Sinto um medo reles e mesquinho, não por mim, mas por ele. Por ele e por todos os que não se exprimem. Os que sofrem e não o dizem. Os que vão crescendo e envelhecendo na quietude do esquecimento.
Tanto me dei, tanto me enganaram. Como posso acreditar? Bem quero, mas...raio de vida, mais morte viva.
Por vós lutei, por vós luto, por vós lutarei. Não é fácil ser compreendido, quando se sente tristeza e injustiça. Culpa minha, provavelmente... Mas desgastado por tanta desilusão e consequente amargura. Por tanta amizade perdida, por tantos caminhos trilhados sem fim. Por tantos que me bateram nas costas e ...
Mãe Querida, porque me fizeste? Como te amo, tu que tanto sofres, nestes anos todos de luta contra aquele "bichinho" malvado.
Avô, meu herói, como me custa ver-te agora numa cama, com olhar perdido, tanto sofrimento. Já sinto a tua falta. A tua alegria de músico, poeta e barbeiro.
Mas continuo... sem que por vezes não pense em desligar a maldita máquina que me liga...a este mundo.
Continuo porque ainda busco alguma esperança. Quero tê-la. Qual réstia de luz que espero ainda vislumbrar.
Minha querida mulher, como te sentirás? Se eu me sinto assim? Quero dar-te mais alento, bem tento. Mas não claudiquemos...
Sonhemos melhores dias; quem sabe?
A vida é assim, repleta de sonhos e amarguras, de solidão e amor.
Certo meu filho, é que te amo muito, te amamos muito. Tu sabes, nós sentimos isso. Pedes que tenhamos mais paciência, mais amor...mas claro, por isso para ti vivemos, eu teu pai e tua mãe. Por isso nos desgastamos neste vai e vem de chorrilhos esganiçados no bem material e no cinísmo.
Não podemos desligar a maldita máquina...temos de continuar este samba de paixão e dor.Por vós, por aqueles que amo,pelos que me dão amizade, por todos nós!"
http://aromasdeportugal.blogspot.com/2007/01/rstia-de-luz.html
com um beijo para ambas e o desejo de muita FORÇA!
Mário Relvas
nao deu para segurar as lagrimas aqui...