Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

Flavia, sua luta não há de ser em vão

- 27 de agosto de 2009
A vida era assim: Bonita e divertida como os personagens da Disney.

A vida hoje é: Além de luta incessante contra todo tipo de dificuldade: Cuidados constantes, Amor, Carinho. E muita saudade.

Flavia, filha querida,

Não há de ser em vão, a perda de teus sonhos e fantasias de criança. A luta por justiça, tão tardia, tão distante e fria. Nossa busca sem trégua pelo fim da negligência e da impunidade que parece ser a tônica deste nosso Brasil, onde só os poderosos têm sido ouvidos.

Mas vamos continuar nossa luta filha, porque conosco temos um precioso patrimônio: A amizade e a atenção de pessoas de todos os cantos do mundo, que como nós, não se calam diante de negligências e injustiças. Nem de meias justiças.
Alguém haverá de nos ouvir. Algo haverá de mudar. E dessa forma filha, sua luta não será em vão.

Menina de 3 anos: Mais uma vítima de ralo de piscina

- 25 de agosto de 2009

Menina com braço preso em filtro de água da piscina é resgatada nos EUA.

Os bombeiros conseguiram retirar a menina da piscina com o cano preso ao braço. Ela tremia muito mas estava calma.

Nos Estados Unidos, momentos de pânico em uma piscina. Uma menina de 3 anos ficou com o braço preso na saída do filtro de água. A operação de resgate mobilizou os bombeiros de Miami, na Flórida.

Os bombeiros tiveram que serrar o cano para tentar soltar o braço da menina. Durante a operação de resgate, a piscina foi esvaziada mais de meio metro. Todo o tempo a mãe da garota mantinha a cabeça dela acima da água.

No fim, alívio geral. Os bombeiros conseguiram retirar a menina da piscina com o cano preso ao braço. Ela tremia muito mas estava calma.

Fonte: G1



Vídeo do salvamento desta criança.
Obrigada ao blog Brasil Contra a Pedofilia que me forneceu a foto e o vídeo acima.
Este outro vídeo da CNN me foi enviado pela leitora Patricia, a quem tamém agradeço.
A idade das vítimas: 3 anos, 9, 10, 12, 13, 15, 23...Os acidentes com ralos de piscinas vêm causando - com frequência - acidentes graves e mortes em pessoas de qualquer idade, mas as crianças têm sido mesmo as principais vitimas.
Como bem observado por minha amiga Isabel Filipe, em seu comentário, o ralo causador deste acidente, estava localizado na lateral da piscina, o que possibilitou à mãe da criança, manter sua cabeça fora dágua, enquanto se procediam as manobras de salvamento. Quando no entanto, o ralo estiver localizado no fundo da piscina como foi no caso do acidente com Flavia e de muitos outros aqui documentados, a morte por afogamento da pessoa presa ao ralo, é quase certa.
Estes acidentes só vão deixar de acontecer quando efetivamente for levada a sério a segurança com os sistemas de sucção de piscinas. Até lá, vamos vivendo na roleta russa. Quem será a próxima vítima?!

Piscinas: Um projeto de lei para salvar vidas!

- 17 de agosto de 2009
Motivado pelo caso de Flavia, que conheceu através de uma reportagem da Revista da Folha, do Jornal A Folha de São Paulo, o Vereador Gilberto Wachtler, ou Gilberto do Primavera, da cidade de Santo André - São Paulo, apresentou Projeto de Lei que torna obrigatório a utilização da norma ABNT 10.339 para construção de piscinas no município de Santo André. O objetivo é de tornar as piscinas mais seguras, evitando acidentes por sucção pelo ralo de fundo. O Projeto do Vereador Gilberto Wachtler, de número 171/2009 foi protocolado em 25/06/2009. Esperemos que seja aprovado.

Uma lei que regulamente a venda, instalação e manutenção de piscinas de uso público e coletivo, deveria existir - o quanto antes - em nível nacional. Quem sabe algum outro político se inspire no Vereador Gilberto Wachtler e copie sua idéia e apresente um projeto de lei para segurança no uso de piscinas, que possa beneficiar todo o Brasil. Boas idéias devem ser copiadas, obviamente, mencionando-se a fonte. Bons projetos devem ser aprovados. Que este importante projeto de lei do Vereador Gilberto Wachtler seja aprovado e que a lei para segurança no uso de piscinas passe a vigorar em Santo André e possa se ampliar rapidamente por todo o Brasil.

O Vereador Gilberto Wachtler solicitou minha participação em um vídeo para dar mais força ao seu projeto de lei para segurança nas piscinas. Aceitei participar do vídeo, com muito gosto.

Observações:
O especialista em equipamentos que faz a simulação da sucção de cabelos pelo ralo é Vladimir, funcionário da empresa Sodramar.
O médico que faz um comentário durante a apresentação do Vereador Gilberto é o Dr. Israel Zekcer.
"... nós atendemos várias crianças com este tipo de acidente (causado por ralos de piscina) no Pronto Socorro do Hospital Brasil (Hospital de Santo André) ..."
Um Projeto de Lei direcionado para a segurança nas piscinas, pode ser considerado um projeto de lei para salvar vidas humanas. Que venha esta lei. O quanto antes.

Ao Vereador Gilberto Wachtler, o meu MUITO OBRIGADA.

MUITO OBRIGADA também ao Vladimir e à empresa Sodramar pela preocupação que vem demonstrando ter com a segurança de seus sistemas de sucção de piscinas.

Até o próximo post.

Cabelos sempre longos, do jeito que Flavia gostava

- 10 de agosto de 2009
Ary, cabeleireiro de Flavia, cortando os cabelos dela em Outubro de 2008.
Flavia, na cama, com os cabelos em trança. Foto tirada hoje.

Na primeira foto está Ary, meu cabeleireiro e também de Flavia. Ary já atendia Flavia desde que ela era uma criança alegre e saudável. Depois que Flavia sofreu o acidente que a deixaria em coma vigil, logo após ela ter saído do hospital onde ficou por quase um ano, ele passou a atender Flavia em casa. Ary vem cortar o cabelo de Flavia, uma vez por ano – normalmente no mês de Outubro e no dia de sua folga no salão QG de Moema, onde ele trabalha já há muitos anos. E Ary, nunca aceitou pagamento pelo corte de cabelo de Flavia, diz que é presente pra ela. Na segunda foto, Flavia como normalmente fica na cama, com os cabelos presos. Nesta foto, os cabelos de Flavia já estão bem longos, porque já faz quase um ano que foram cortados.

O corte de cabelo de Flavia, Ary faz levemente repicado e comprido o suficiente para podermos na cama, fazer um rabo-de-cavalo ou uma trança, que deixa Flavia arrumada e confortável. Pode parecer que pessoas acamadas ficariam mais confortáveis com os cabelos curtinhos, mas a prática tem me mostrado que os cabelos um pouco mais compridos facilitam os cuidados, além de possibilitar variar o penteado.

Deixar Flavia com os cabelos compridos, - mas com um corte bem feito e bonito - é um compromisso que assumi com minha filha desde seus 8 anos de idade. Flavia gostava de seus cabelos longos e sempre que íamos ao salão de beleza, ela me pedia para não deixar o cabeleireiro cortar demais os seus cabelos. Até hoje eu e Ary respeitamos esse desejo de Flavia. E nesse grande e doloroso mistério que é o estado de coma, pode ser - é bem possível, que Flavia perceba que seus cabelos ainda são longos. E pode ser - é bem possível, que Flavia fique contente por isso.

Boa semana a todos e até o próximo post.

Esperar: É só o que nos resta fazer?!

- 3 de agosto de 2009
Leila Jalul
Cronista acreana

As mães que o digam o quanto vale e pesa uma barriga até que chegue o grande dia da rebentação. No ontem, sem o auxílio luxuoso da tecnologia, além da barriga, o peso da espera para a utilização dos tons rosados e azuis dos enxovais. Seria Maria? Seria João? Tudo era mistério até que se ouvisse o brado forte do chorão ante o impacto com o mundo exterior. Uma palmada no bumbum e... buá!!!

Agora é diferente. Tudo se planeja e organiza. Até se escolhe os conselhos zodiacais para a marcação da data da concepção. Tudo vale a pena quando o assunto é vida. A maior espera é compensada, principalmente se não houver um atrapalho por caso fortuito ou força maior. Vida que chega, apaga o sacrifício da espera e os desconfortos do esperar.

Difícil é aguardar o que ficou de chegar e não se pode prever quando. Angustiante é ficar na dependência de terceiros para a solução de questões fundamentais para que se continue a vida ou se alivie as dores do viver. É de causar revolta quando se constata a lentidão da justiça, principalmente quando se trata de reconhecer direitos dos cidadãos comuns. Mais revoltante, ainda mais, é ver sentenças judiciais sendo descumpridas, numa afronta ao poder constituído. Vivemos num país que precisa de heróis, que não reconhece o direito adquirido e nem respeita os atos jurídicos perfeitos e as sentenças transitadas em julgado. Uma lástima!

Aposentados esperam a morte sem que recebam o que lhes foi usurpado quando ainda produtivos. Estão aí os benditos precatórios se arrastando por anos a perder de vista. Os noticiários mostram o descaso e a inépcia para com aqueles que ajudaram a construir o país. O Poder Judiciário cala-se. Recorrer a quem?

Não penso num texto com citações. Não. Dispo-me de qualquer titulação. Apenas reflito a barafunda do sistema brasileiro, com tantos recursos, com tantos renomados, com tantos luxuosos escritórios, com tanta roubalheira, onde se encostam os que não podem pagar os convites da festança? Pode um cristão de classe média baixa pagar pelos desagravos e agravos, principalmente quando da sentença pede-se a continuidade de apenas poder sobreviver?

Agora, quando escrevo, não penso apenas no caso de Flávia. Neste, já houve sentença condenatória, se não de todos, sacrificando, pelo menos o menor dos culpados: o condomínio, principalmente se o sistema instalado já veio no pacote da Jacuzzi. Salvou-se a mãe, pelos tribunais paulistas julgada co-responsável no acidente, como se tivesse praticado abandono de incapaz. A menina brincava numa piscina rasa, aparentemente inofensiva, na companhia do irmão e de mais dois adolescentes e, não fosse o ralo inapropriado, estaria ilesa. Eximiu-se a responsabilidade do maior dos responsáveis. E assim acontece em muitos outros episódios e em situações onde quem pode pagar mais, pode tudo. De pronto pode-se constatar: ou o esperneador contenta-se com a sentença, ou vai esperar por mais vinte anos para que se faça valer o que muitos pensam que deveria. Para que servem os agravos? Para que serve o dinheiro? Para que servem os escritórios de luxo dos renomados?

Num apanhado de fatos recentes, o moço negro, dentista, morto pela polícia paulista, sem medo de errar, não teve o mesmo tratamento dado às celebridades, tipo artistas em evidência na mídia ou tipo velhos conhecidos políticos com seus atos secretos. O tratamento não é o mesmo. Nem no tocante ao tempo do processo, muito menos, quando é o caso, no da indenização. Parece que todos se rendem ao mais forte, aos poderosos e sem se lixarem para o senso crítico dos que de perto acompanham os descalabros.

Agora, quando escrevo, não penso apenas no caso de Flavia, mas não há como não ver nesta menina um exemplo de como é falha a nossa justiça. O que desejamos, - porque é nosso direito - é que a justiça não faça diferença entre o negro e o branco, entre o pobre e o rico, entre o anônimo e a celebridade. Desejamos, porque é nosso direito, que a justiça seja célere e que se faça não em parte, como ocorreu no caso de Flavia, mas que a justiça se faça sempre por completo.

Leila, MUITO OBRIGADA por sua colaboração para o blog de Flavia. E como você bem diz:

“Angustiante é ficar na dependência de terceiros para a solução de questões fundamentais para que se continue a vida ou se alivie as dores do viver”.
Sim Leila, é angustiante.
Até o próximo post.
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