Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

Vou até onde preciso for

- 29 de março de 2009
As pessoas me perguntam se depois da recente sentença do processo de Flavia lá em Brasilia, onde a empresa Jacuzzi do Brasil não foi co-responsabilizada pelo acidente causado à Flavia, e por todos esses anos de luta, desgaste fisico e emocional, se eu iria me retirar de cena, encerrar este blog, decansar enfim.

Como posso descansar se o objetivo pelo qual eu lutei por mais de 10 anos não foi totalmente alcançado, porque a justiça não se fez por completo? Como posso parar se tantos outros acidentes causados por ralos de piscinas continuam a acontecer e a matar pessoas, principalmente crianças? Além disso, desde que vocês visitam este blog, acompanham a história de Flavia e deixam aqui seus comentários, eu não me sinto mais só nesta luta por respeito e justiça para Flavia e por ver punidas as negligências que tantas vítimas têm feito, esta luta, já se tornou de todos nós.

A seguir, o comentário que me foi enviado por e-mail, com publicação devidamente autorizada.
Ana, de Moema:
"..Quando li hoje que tinha saído o resultado do julgamento, pensei imediatamente, finalmente fizeram justiça!
Depois abrindo o arquivo, li a sentença e fiquei super decepcionada. São essas coisas que nos abatem e nos fazem pessimistas, aí me pergunto: esse país, esse mundo não tem mais solução?? Não tem mais justiça?

Apesar disso, concordo com outros coments de que vc fez a sua parte e deu um grande passo em favor de tanta gente que não tem como gritar a sua dor, vc está lutando para alertar as pessoas que nem no seu pior pesadelo tem idéia do que é passar por tudo isso e ainda ter forças para lutar pela sua filha e que qualquer um de nós pode estar na sua situação a qualquer momento.
Cadê a justiça?? Constato com tristeza e mais uma vez que a dor sempre é só nossa.
Espero que esse resultado não te faça recuar, vc já é uma vitoriosa, batalhadora, te admiro muito e conte comigo. (Ana - 27.03.2009)

Este outro comentário foi deixado por:
Cadinho RoCo disse... (No post: Se Flavia não desiste, eu também não 17/3/2009)Vivemos num Brasil deparado por situações tão escandalosas quanto impunes. Convivemos com mudanças de valores delicadas e por demais perigosas. A Flávia é a representação viva de uma situação a exigir mais que um processo jurídico. A Flávia é mártir a impor vergonha até mesmo aos que insistem em dar de ombros ao que fazem, por trazerem em suas atitudes a falta de respeito para com o ser humano, para com o próximo. A Flávia é poder de resistência e força a dignificar o que alguns seres em suas instâncias insistem em ignorar. A Flávia é esperança de vida a dar sustento ao amor e não à hipocrisia de quem perde tanto por só querer ganhar tanto. Cadinho RoCo
Terça-feira, Março 17, 2009

Ana e Cadinho RoCo: MUITO OBRIGADA.

Até o próximo post.

A vida escoando por um ralo

- 24 de março de 2009

Foto retirada da matéria A VIDA POR UM RALO da Revista VIVER BRASIL.

A Revista VIVER BRASIL de Belo Horizonte (MG) publicou hoje uma importante matéria sobre mortes e acidentes graves causados por ralos de piscinas. A reportagem é da jornalista Daniele Hostalácio. A matéria, com fotos, é bastante esclarecedora e entre outros, cita o caso de Flavia. O texto pode ser lido em sua íntegra no link da Revista VIVER BRASIL - A VIDA POR UM RALO.

"Gabriel Antônio Martins tinha 9 anos de idade e morava em Franca, interior de São Paulo. Jaqueline Resende dos Santos de Almeida tinha 14 e era da Bahia. Com intervalo de apenas um mês, as duas crianças se despediram da vida quando estavam se divertindo dentro da água.
Morreram em circunstâncias parecidas, vítimas dos sistemas de sucção das piscinas onde nadavam. Tais mortes, que se acumulam a cada ano em todo o mundo, poderiam ser evitadas com cuidados muito simples, tanto por parte de quem constrói e mantém uma piscina – clubes, hotéis e mesmo particulares – como por parte dos fabricantes de equipamentos como ralos e bombas hidráulicas. Embora não sejam as únicas vítimas, as crianças têm sido as mais atingidas por acidentes como esses, quase sempre com finais trágicos.

Um dos casos mais conhecidos no Brasil é o de Flávia, que está em coma vigil desde que se acidentou na piscina do prédio onde morava, em Moe­ma, zona sul de São Paulo, onze anos atrás..... .

“Minha filha vive, desde então, à margem da vida. Decidi transformar essa dor, que está tatuada na minha alma, em algo produtivo. Por isso criei o blog ‘Flávia Vivendo em Coma’ (www.flaviavivendoemcoma.blogspot.com). Um dos principais objetivos é alertar as pessoas sobre os riscos que os ralos de piscina podem representar. Meu desejo é evitar que mais tragédias como essa, que destruiu a vida de minha filha, e também a minha, continuem acontecendo”, declara.

As causas de acidentes por sucção nas piscinas estão associadas a ralos destampados ou com tampas quebradas, por falta de manutenção, e ao desrespeito às normas da ABTN para construção de piscinas”, afirma o empresário e vice-presidente da Associação Na­cional dos Fabricantes e Cons­tru­to­res de Piscinas e Produtos Afins (Anapp), Augusto César Araújo. Entre as normas determinadas pela ABTN, está uma velocidade máxima de sucção e a exigência de um mínimo de dois ralos de fundo. “Ao construir uma piscina, essas normas precisam ser seguidas. Além disso, jamais seu motor bomba deve ser trocado, sem que haja uma cuidadosa orientação técnica”, afirma. Mas esses cuidados, lembra Augusto, não surtem efeito se não for feita a manutenção dos equipamentos, já que o simples fato de a tampa de um ralo de fundo estar solta pode causar acidentes graves. O que acontece nesses casos é que a potência de sucção se torna maior, pois ela é proporcional à área da tampa.

Foi um descuido como esse que matou o menino Gabriel, de Franca, em dezembro último, e quase matou o filho do empresário Jonatas Abbott, Gustavo, na época com 7 anos de idade, em outubro de 2007. ...... A criança sabia nadar e já havia mergulhado diversas vezes na água, quando, numa dessas investidas, teve o braço sugado pelo ralo, até o ombro, a uma profundidade de 1,80 metro. A força de sucção foi tão grande que Jonatas avalia que, se não houvesse alguns adultos por perto, naquele momento, não teria sido possível salvar Gustavo. “O primeiro adulto que tentou arrancá-lo do ralo não conseguiu, pelo fato de a força da bomba ter provocado um inchaço na altura do cotovelo do meu filho. Foi então que um deles teve o lampejo de abraçar o Gustavo por trás e apoiar os dois pés no fundo da piscina para, com toda a força, arrancá-lo de lá. Ele me contou que quando o Gustavo saiu, parecia uma rolha de Champanhe, tal a maneira como estava preso”, relata Jonatas.

Para se evitar acidentes como esses, estão surgindo no mercado alguns equipamentos que visam aumentar a segurança dentro das piscinas. Um deles é uma válvula antivácuo, que faz com que a bom­ba desarme quando sua pressão interna é aumentada – fenômeno que acontece quando alguém ou algo é sugado pelo ralo e obstrui a passagem de água. Outro produto é um ralo anti-hair, que evita que o cabelo seja entrelaçado na grade de proteção.

Quando isso acontece, sempre há morte, porque não adianta tentar puxar a pessoa, já que os cabelos dão um nó na grade. A única saída seria cortar os cabelos, e nunca há tempo para isso”, observa Augusto, que conta que uma nova lei entrou em vigor nos Estados Unidos, em dezembro passado, obrigando todas as piscinas públicas ou comerciais daquele país a adotarem esse equipamento. Entre 1999 e 2007, ocorreram 74 acidentes em ralos de piscinas nos Estados Unidos, totalizando 63 feridos e 9 mortes. “As pessoas precisam se conscientizar do real perigo que os ralos de piscina podem representar.

"Os fabricantes desses equipamentos, principalmente, têm papel fundamental nisso, porque o usuário não tem como saber se a piscina é segura ou não”, acredita Odele, mãe de Flávia. “Penso que se minha filha não morreu, e ainda está aqui, é porque a presença dela pode ajudar nesse alerta.”

Obs: Os negritos do texto são meus.
Até o próximo post.

O julgamento do processo de Flavia é notícia em Portugal

- 19 de março de 2009
O jornal português NOTÍCIAS DA MANHÃ desta quinta-feira, traz a matéria abaixo sobre o julgamento de Flavia, ocorrido dia 03 de Março em Brasilia. O texto é de autoria de Lidia Soares do blog SILÊNCIO CULPADO
Quero deixar aqui meus sinceros agradecimentos à Lidia e ao editor Vasco Lopes.

"FLAVIA EM COMA E O PREÇO DE UMA VIDA
“Quem não castiga o mal ordena que ele se faça.”
(Leonardo da Vinci)

Foi já há muito, muito tempo, que Flavia deixou de ser uma criança como muitas outras da sua idade. Tinha 10 anos, mas o ralo de uma piscina, no condomínio em que vivia com a sua mãe e o seu irmão, sugou-lhe os cabelos e todas as oportunidades de uma vida normal. Num coma irreversível que se vai prolongando ano após ano, Flavia viu, sem ver, passar as fases mais belas da sua vida, desde a adolescência à idade adulta, numa sequência de estações que não distingue a não ser através dos aromas subtilmente espalhados no quarto ao som de uma música que vai recordando nostalgicamente o seu paraíso perdido.


Onze anos de coma vigil não é coisa pouca e não fora a sua mãe, em presença constante, e Flavia nem se aperceberia que existem afectos dos quais não tem uma dimensão clara, mas que provavelmente confortam esse silêncio que se segue ao esquecimento da vida que fora antes.

Mas, para além da penumbra que se abateu sobre Flavia, acenando de forma irreversível a impossibilidade de viver uma vida normal, há a presença de uma mãe que acompanha e interroga, que não se resigna que a justiça possa ter tantas leituras.

Deveria ficar impune a empresa Jacuzzi, que, descurando as normas de segurança, instalou (e provavelmente continuará a instalar) ralos perigosos que sugam vidas em momentos de prazer e abandono?

Há 11 anos que Odele, mãe de Flavia, lança o seu grito pelos quatro cantos do Mundo. Há 11 anos que uma multidão virtual vai seguindo Odele e que os media se interrogam sobre o fenômeno que agita os paladinos da paz que seguem esta mulher valente, tão acompanhada e, ao mesmo tempo, tão sozinha.

Foram precisos 10 anos para que o caso de Flavia fosse reapreciado pelo Superior Tribunal de Justiça de Brasília o que veio a acontecer no passado dia 3 de Março. Numa altura em que as vozes ecoavam pelos quatro cantos do Mundo, não havia mais como fugir à sigilosa indiferença que se pretendia impor no ceifar duma vida.

Mas, apesar das rectificações feitas às premissas vergonhosas com que se pretendia silenciar a dor sem remédio de uma vida interrompida no seu curso normal, a empresa Jacuzzi continuou a ser ilibada. Com umas pinceladas mais rigorosas sobre a Companhia de Seguros AGF e o Condomínio Jardim da Juriti, fez-se uma meia justiça, que deixou em Odele um travo amargo por haver, entre os homens, poderes que apagam actos e actos que continuam a acontecer a coberto desses mesmos poderes.

O inconformismo de Odele logo se propagou entre os seus inúmeros apoiantes que lhe lembraram o Tribunal Internacional de Justiça, criado pelas Nações Unidas em 1945, e actualmente sedeado em Haia, no Palácio da Paz, e que tem por finalidade deliberar sobre disputas a ele submetidas por Estados e dar conselhos sobre assuntos legais a ele submetidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Particularmente, desconheço se este Tribunal tem condições para inverter o processo. Porém, e ainda que as não tenha, o caminhar na sua direcção é tornar mais forte este clamor universal duma Flavia que representa todos os que, no Mundo, não têm voz e se tornam presas fáceis dos gigantes empresariais, que ganham poderio indiferentes aos mais fracos, que vão pisando na procura frenética de atingir rapidamente o pedestal da riqueza e da fama.

Flavia não é apenas Flavia, mas todas as crianças que representa e que, um pouco por todo o Mundo, perdem a vida quando, despreocupadamente, nadam em piscinas de ralos assassinos.

Que da memória dos homens se não apague as vidas dos inocentes que vão sendo perdidas. Que cada pessoa sinta como sua esta dor mais forte que a dor da vida porque de um filho se trata. E que, em última instância, seja reconhecida a razão duma luta que deve prosseguir para que conservemos a nossa capacidade de nos indignarmos e com ela a dignidade humana que deve estar presente.
Lídia Soares

Se Flavia não desiste, eu também não

- 17 de março de 2009
Amigos e leitores deste blog,

Após o julgamento do processo de Flavia em Brasilia pelo Superior Tribunal de Justiça, dia 03 de Março de 2009 e cujo resultado foi aqui publicado, o blog de Flavia entra agora em uma nova fase.

Vou continuar escrevendo sobre o perigo dos ralos de piscinas. Vou continuar documentando acidentes causados por esses ralos sugadores, e pela negligência de pessoas que tratam a vida humana com descaso. Vou continuar publicando, sempre que for oportuno, material ilustrativo da Sodramar ou de qualquer outra empresa fabricante de sistemas de sucção de piscinas, que em seus manuais e embalagens, mostrarem que estão preocupadas com a segurança de suas instalações hidráulicas e com a adequada orientação aos seus clientes, sobre o potencial risco de seus produtos, caso venham a ser instalados e operados de forma inadequada.

Sinto que a história de Flavia ainda não terminou. E sinto, por toda a receptividade que tem este blog, que mesmo tendo perdido a voz, os movimentos e a consciência, Flavia tem caminhado por diversas cidades do Brasil, mas não só. A voz de Flavia ecoa longe, atravessa fronteiras, chega a outros países, alcança ouvidos, mentes e corações, numa demonstração clara de que não será o seu estado de coma que a impedirá de gritar alto a sua indignação pelo desrespeito aos direitos não só dela, como de tantas outras pessoas que silentes com as negligências e injustiças, se tornam delas coniventes.

Nesta nova fase do blog estarei publicando, sempre que for possível e oportuno, textos, imagens, comentários e outras manifestações de apoio, que me chegarem dos amigos que eu e Flavia felizmente, fizemos por todo o mundo.

Estou certa de que as manifestações de solidariedade à causa de Flavia, sejam textos, desenhos, imagens ou comentários deixados neste blog, continuarão a ser feitas de forma a mostrar indignação contra as negligências e repúdio contra as injustiças, de maneira firme e objetiva, mas sem o uso de palavras agressivas, inadequadas ou ofensivas a quem quer que seja. Muito obrigada por isso.

Publico abaixo alguns dos muitos comentários deixados no post sobre o resultado do julgamento de Flavia em Brasilia.

SILÊNCIO CULPADO (Portugal) disse...
Odele: Apesar da minha revolta por a Jacuzzi não ter sido condenada - o que abre um precedente para que continue a descurar as questões de segurança -, considero que foram dados alguns passos em frente. Ficou claro que houve responsáveis. Ficou claro que a ti não coube qualquer responsabilidade.Ficou claro que a luta produz efeitos e que tu, como mulher de causas e de coragem, não irás desistir.Concordo com o que diz o Beez. Também eu nunca te abandonarei na tua luta.Abraço
Terça-feira, Março 03, 2009


Grace Olsson ( Suécia) disse...
ODELE, QUERIDA...A Justica Divina tarda mas nao falha.Dessa...nada e nem ninguém consegue se eximir. Sem palavras....Mas nao choro de raiva...choro de vergonha de um país sem nenhuma sensibilidade com os direitos das criancas...bjs e dirija os pensamentos ao Altissimo.
Terça-feira, Março 03, 2009

Susana (Susana Cardoso – Brasil) disse...
Olá Odele e Flávia,Graças a Deus, apesar de tudo não ser como deveria, está concluído o processo. Força para continuar na tua luta. E só para constar: desses 5 ministros, algum conheceu Flávia pessoalmente??? (como julgar sem ver de perto a consequência que ficou no corpo de Flávia, da irresponsabilidade dos fabricantes???)Que Deus continue com vocês!!!Beijos...
Terça-feira, Março 03, 2009


Lídia, Grace e Susana: Muito obrigada.

até o próximo post.

Competente e combativo, como um advogado deve ser

- 14 de março de 2009
Janeiro de 1999.Após um ano de inglórias tentativas de acordo com a seguradora AGF e com o Condomínio Jardim da Juriti onde eu morava com meus filhos e onde ocorrera o trágico acidente que deixaria minha filha Flavia em coma vigil irreversível, cansada e aflita cheguei ao escritório de advocacia do DR. JOSÉ RUBENS MACHADO DE CAMPOS, que viria a ser meu advogado neste longo e exaustivo processo onde, mesmo enfrentando a lentidão da justiça brasileira, provaríamos que Flavia se afogou e entrou em coma, porque seus cabelos ficaram presos ao ralo da piscina cujo sistema de sucção estava superdimensionado, com potência excessiva para o pequeno tamanho da piscina onde Flavia nadava.

Dr.José Rubens, ao contrário dos demais profissionais por mim consultados, pediu-me poucos dias para analisar o caso e quando voltei ao seu escritório na data por ele determinada, ele já tinha levantado acidentes com ralos de piscinas ocorridos nos Estados Unidos. E um mês depois, ou seja, em Fevereiro de 1999, representando eu e Flavia, Dr. José Rubens deu entrada na justiça paulista na Ação de Indenização por Danos Materiais e Morais contra os réus já mencionados em posts anteriores, mas não sem antes me alertar de que não seria uma batalha fácil e tampouco de desfecho rápido.

E o tempo mostraria que o processo na justiça brasileira para fazer valer os direitos de Flavia não seria mesmo uma batalha fácil e muito menos rápida. O desfecho em Brasília ocorreu 10 anos e um mês após iniciado o processo aqui em São Paulo. Nesses mais de 10 anos, eu e meu advogado: Apresentamos provas, ouvimos testemunhas faltar com a verdade, contestamos os vários recursos apresentados pelos réus, enfrentamos resistência, insensibilidade, injustiça. Lutamos.

Março de 2009.O julgamento do processo de Flavia em Brasília corrigiu alguns erros gritantes da justiça paulista, como por exemplo, terem me co-responsabilizado pelo acidente com Flavia, mas ainda assim o julgamento no Superior Tribunal de Justiça, não foi exatamente aquele que considero justo e pelo qual esperei e lutei por mais de 10 anos. Mas como já escrevi em um post anterior, por mais competente e combativo que seja nosso advogado, a justiça vai depender dos juízes e ministros que julgarem nosso processo. Esta constatação no entanto, não significa absolutamente que eu aceite e me conforme com esta realidade.

Dr. José Rubens, por toda a sua competência, combatividade, comprometimento e sensibilidade para com a causa de Flavia, o meu MUITO OBRIGADA extensivo a toda sua equipe.

Até o próximo post.

Flavia, um caso trágico, uma sucessão de erros

- 10 de março de 2009
No Brasil, diversos portais de notícias on line, publicaram nesta segunda-feira dia 09, sobre o julgamento do processo de Flavia, acontecido no último dia 03 de Março, Superior Tribunal de Justiça em Brasilia. Infelizmente muitos desses portais publicaram informaçoes incorretas. Um deles chega a dizer que Flavia morreu.

Já o Consultor Jurídico, o site de notícias do mundo jurídico mais conceituado do Brasil, publicou sobre o julgamento do processo de Flavia, matéria assinada por Rodrigo Haidar, que merece aplausos pela veracidade das informações. O meu muito obrigada ao jornalista e ao site  Consultor Juridico.   

Reproduzo aqui trechos da matéria que pode ser integralmente lida no site do Consulltor Jurídico - Demarcação da Culpa.
"STJ define limites da responsabilidade civil
Por Rodrigo Haidar

A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça definiu, em um só julgamento, cinco questões que delimitam a responsabilidade civil de empresas, seguradoras e até dos pais sobre seus filhos. Os ministros julgaram o recurso de Maria Odele Silva de Souza e de sua filha, Flávia Souza Belo, que vive em estado vegetativo há 11 anos por conta de um acidente sofrido na piscina do condomínio.
O trágico caso da garota tornou a questão ampla do ponto de vista jurídico em razão da sucessão de erros – reconhecidos e punidos pelo STJ – cometidos pelos envolvidos. Inclusive pela primeira e segunda instâncias da Justiça paulista, que decidiram que a mãe havia colaborado para o acidente. No julgamento da semana passada, esse foi um dos pontos que mais provocou reações de indignação nos ministros da 4ª Turma.

Flávia tinha dez anos quando teve os cabelos sugados pela bomba de sucção da piscina do condomínio onde morava. Presa, sofreu afogamento com sequelas permanentes. ...
Os ministros julgaram na terça-feira (3/3) o recurso impetrado pelos advogados José Rubens Machado de Campos e Ruy Carlos de Barros Monteiro contra decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. O relator da causa, desembargador convocado Carlos Mathias, acolheu a maior parte das pretensões dos advogados. Além de afastar a culpa concorrente da mãe e determinar que o condomínio tem de custear todas as despesas com os tratamentos da garota...

Seguro inseguroPor unanimidade, os ministros determinaram que a AGF pague indenização de R$ 50 mil à mãe da menina, mais juros e correção monetária do prêmio do seguro, que foi pago com atraso e sem correção. A AGF era a seguradora do condomínio. “O fato de a seguradora atrasar o pagamento do prêmio obrigou a mãe a fazer campanhas para arrecadar dinheiro e custear o tratamento da filha. Ela foi exposta a situação vexatória”, afirmou o desembargador convocado Carlos Mathias.

O ministro Aldir Passarinho Júnior ainda considerou a possibilidade de a seguradora não ter de indenizar por danos morais. “Se o condomínio, que é o segurado, rebate a acusação de culpa pelo acidente, a seguradora teria de aguardar o desfecho para pagar o prêmio”, considerou. Para Passarinho, isso mostraria que não houve má-fé da seguradora.

“O seguro contratado garantia a cobertura de danos. O dano foi inconteste. Logo, a demora no pagamento causou, sim, dor moral à mãe e filha”, rebateu o ministro João Otávio de Noronha. Em seguida, o ministro Fernando Gonçalves interveio para lembrar que constava dos autos que, intimada, a seguradora não pagou o seguro. Então, a decisão neste ponto foi unânime.

Também por unanimidade os ministros decidiram reformar a decisão do TJ paulista no ponto em que considerou que a mãe, por permitir que a filha fosse nadar apenas com outros menores, teve parte da culpa pelo acidente. O ministro Noronha e o desembargador Mathias teceram duras criticas à decisão neste ponto. “Falar em culpa concorrente neste caso é uma falácia”, disse Mathias. “Essa mãe foi muito injustiçada. Ela nunca poderia responder por deixar sua filha, que sabia nadar bem, como está provado, ir nadar em seu condomínio. Ora, quem de nós não deixa os filhos nadarem sozinhos”, arrematou Noronha.

Culpa de fábrica
O ponto controverso do recurso ficou por conta da responsabilidade da Jacuzzi, a fabricante da bomba de sucção, pelo acidente.... Por quatro votos a um, a 4ª Turma decidiu que a empresa não tem de indenizar. ....“

Vencido, o ministro Luis Felipe Salomão entendeu que a Jacuzzi deveria ser condenada porque os manuais não alertam sobre o risco de acidentes como o que aconteceu com Flávia. Somente relatam a potência adequada para cada tipo e tamanho de piscina. “Ao não alertar expressamente sobre o perigo de usar um equipamento inadequado, a fabricante se tornou responsável pelo acidente”, disse Salomão.

Nos embargos de declaração que os advogados José Rubens Machado de Campos e Ruy Carlos de Barros Monteiro afirmaram que apresentarão em breve ao STJ, querem postular, ainda, a elevação do valor da indenização.
 

“Para morte, as indenizações costumam ser de R$ 100 mil. Mas a dor pela morte, com o passar do tempo, vai ficando mais amena. No caso de Flávia, a dor da mãe se renova todos os dias ao ver a filha crescendo em estado vegetativo...," afirma Machado de Campos."

É interessante notar que mesmo entre juizes e ministros de justiça, não existe um consenso sobre o que é justo ou não, o que pode levar a justiça a "uma sucessão de erros". Vejam aqui que um dos ministros, Luis Felipe Salomão, entendeu - como eu sempre entendi e argumentei - que a Jacuzzi tem sim responsabilidade no acidente. Quando eu lutava na justiça paulista, nove anos atrás, um dos juizes que julgava o caso de Flavia, entendeu ser o fabricante do ralo co-responsável pelo acidente e determinou que a Jacuzzi, juntamente com o condomínio, por tutela antecida e na proporção de 50% cada, efetuassem pagamento à Flavia, do valor mensal de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para pagamento das despesas médicas e tratamentos. A Jacuzzi, por força da determinação legal, efetuou esse pagamento mensal por cerca de um ano, mas depois entrou com um recurso e conseguiu deixar de pagar o que lhe cabia desse valor, ou seja R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) mensais. E agora vimos que lá em Brasilia, não foram todos os ministros que consideraram o fabricante inocente. O ministro Luis Felipe Salomão, votou pela responsabilidade do fabricante no acidente causado à Flavia. Infelizmente, foi voto vencido. Mas mesmo assim, muito obrigada senhor ministro, pois mesmo vencido, o seu voto co-responsabilizando o fabricante pelo acidente que deixou minha filha em coma, me aumenta a esperança de que ainda é possível encontrar sensibilidiade entre alguns homens que fazem a justiça acontecer neste país e quem sabe possamos ver em um futuro não muito distante, a impunidade sendo banida da vida de vítimas inocentes.

Obs: Alguns dos negritos do texto da matéria do Consultor Jurídico são meus.

Até o próximo post.

Dia internacional da mulher

- 8 de março de 2009
Esta imagem foi gentilmente oferecida à Flavia, tempos atrás, por Elisabete do blog Encanto de Renascer (Brasil)

Neste dia 08 de Março em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, quero mandar o meu carinho a todas as mulheres - muitas delas anônimas - que conscientes de seu papel na sociedade, exerceram e exercem a sua cidadania, lutando contra o desrespeito aos seus direitos.

E quero registrar aqui a minha homenagem a uma criança que se transformou numa MULHER MUITO ESPECIAL, minha filha FLAVIA.

Feliz dia Internacional da Mulher para todas vocês que nos visitam.

Um beijo meu e de Flavia pra vocês e até o próximo post.

10 anos depois, é esta a sentença final do processo de Flavia

- 3 de março de 2009
Amigos e leitores do blog de Flavia:
Hoje, 10 anos e um mês depois de eu ter entrado na Justiça Paulista, foi iniciado e concluido o julgamento do processo de Flavia pelo Superior Tribunal de Justiça em Brasilia - última instância - e é este o resultado:

1. A empresa fabricante do ralo da piscina que sugou os cabelos de Flavia, JACUZZI DO BRASIL, NÃO FOI CONDENADA. Quatro votos contra nossos argumentos e um a favor. Ou seja, apenas um dos cinco ministros de justiça considerou a Jacuzzi co-responsavel pelo acidente com Flavia.

2. Foi excluida minha co-responsabilidade no acidente.
Se vocês se lembram, os reús (todos) argumentavam que eu era co-responsável pelo acidente e os juizes de São Paulo, nas duas sentenças aqui proferidas, vinham acatando esses argumentos e me consideram co-responsável pelo ralo da piscina ter sugado os cabelos de minha filha .

3. O CONDOMÍNIO JARDIM DA JURITI FOI RESPONSABILIZADO 100% pelo acidente com Flavia.

4. A empresa de seguros AGF BRASIL SEGUROS FOI CONDENADA por não ter me pago o seguro, quando por mim solicitado e no momento devido.

É isso. Vou chorar um pouco, mas depois eu volto.
Até o próximo post.

Obs: Por e-mail duas pessoas disseram que não entenderam se meu choro é de alegria ou de tristeza. Meu choro, claro, é de TRISTEZA pela decisão dos ministros em Brasilia com relação à empresa fabricante do ralo da piscina que sugou os cabelos de Flavia. Na minha opinião e pelos motivos já amplamente explicados neste blog, a empresa JACUZZI DO BRASIL deveria, junto com o condomínio, ter sido co-responsabilizada pelo acidente ocorrido com Flavia.

Obs2: Esclarecendo a dúvida de algumas pessoas, deixadas nos comentários: A decisão da justiça em última instância, como esta, é definitiva e não posso mais recorrer da sentença que tira a responsabilidade da Jacuzzi.
AGRADECIMENTOS:
Muito obrigada a todas as pessoas que estão deixando comentários neste post. Muito obrigada por suas palavras de apoio e solidariedade para comigo e Flavia. Agradeço também aos blogs que fizeram posts sobre a sentença final do processo de Flavia. Por exemplo:
1. Brasil - SOCIEDADE BRASILIS- Flavia
2. Portugal - BEEZZBLOGGER - 10 anos depois
3. Brasil - ENCANTO DE RENASCER - Choro...
4. Brasil - STURN UND DRANG! - O resultado do julgamento
5. Brasil - SCRIPTUS - Depois de 10 anos...
6. Portugal - UMA NOVA CUBATA - 10 anos depois,é esta a sentença final..
7. Portugal - ADESENHAR - 10 anos depois,é esta a sentença final...
8. U S A - HIPPOS - Sentença final do processo de Flavia.
9. Brasil - POR QUE NO TE CALLAS? - Pausa no BBB para falar...

Hoje, 10 anos depois, acontece o julgamento do processo de Flavia em Brasília

Flavia, dois meses antes do acidente causado por um ralo de piscina que a deixaria em coma vigil irreversível.

A foto de Flavia, aqui em coma, (*) foi trabalhada por Isabel Filipe - Portugal. (os olhos abertos é uma característica do coma vigil)

Quero agradecer por toda a solidariedade que eu e Flavia temos recebido da Blogosfera nestes mais de dois anos em que aqui escrevo e principalmente hoje, 03 de Março de 2009, quando o processo de Flavia estará sendo julgado em Brasilia. O início do julgamento esta marcado para as 14 horas.

Obrigada também pelos posts que foram e continuam sendo escritos falando do julgamento do processo de Flavia, que esperemos SEJA A VITÓRIA DA JUSTIÇA CONTRA A IMPUNIDADE. Os dois posts anteriores a este têm informações importantes sobre esta batalha judicial pelos direitos de minha filha, num processo longo, doloroso e com muitos recursos apresentados pelos réus ao longo dos anos.

Os blogs abaixo publicaram posts sobre o julgamento do processo de Flavia. Se você também escreveu e seu blog não está na lista abaixo, por gentileza deixe um comentário neste post que faço questão de incluir o nome de seu blog aqui.
8. Brasil - SCRIPTUS - Amanhã é o Dia! (escrito ontem)
18. Argentina - PALOMAS DE PAPEL - Buenas Notícias para Flavia!!!

Tão logo eu tenha notícias de Brasilia, manterei vocês imformados.
Obrigada por seus posts. Obrigada por seus comentários.
Até mais tarde.

Obs: Não consegui publicar antes este post porque estive sem Internet.
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