Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

CRANIOPUNTURA: NÃO FUNCIONOU EM FLAVIA

- 28 de setembro de 2007
No post deste blog do dia 29 de Julho, relatei minha experiência frustrada, no ano de 1998, com o médium brasileiro Rubens Farias, que dizia incorporar Dr.Fritz , e a cujos “poderes” recorri, na esperança de poder ajudar Flavia.

Depois disso, li na Revista IstoÉ, a reportagem - O Poder das Agulhas - sobre craniopuntura, uma técnica de acupuntura, usada para estimular pontos lesados do cérebro. Segundo a reportagem, as crianças que vinham sendo tratadas por essa técnica na Universidade Federal de São Paulo, – Unifesp, vinham apresentando resultados animadores.

Após pensar muito, consultei o neurologista que na época atendia Flavia, Prof. Dr. Alberto Alain Gabbai, da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp. Dr.Gabbai me desestimulou, dizendo que a técnica de craniopuntura estava sendo usada para tratar crianças com paralisia cerebral, o que não era o caso de Flavia, que com o acidente, sofrera um dano cerebral. Teimosa, contatei a profissional acupunturista que aplicava a técnica lá na Unifesp. A profissional, uma médica, me disse que já havia tirado uma criança do estado de coma com a craniopuntura, e que achava que em mais ou menos dez sessões, Flavia poderia reagir. Não me deu certeza de que também Flavia sairia do coma, é verdade, mas disse que seria uma possibilidade. O preço de cada atendimento era alto, mas eu precisava tentar. Se havia uma possibilidade de minha filha recobrar a consciência, eu precisava tentar. E tentei.

Três vezes por semana, a médica fazia craniopuntura em Flavia. Para que eu pudesse acompanhar, o atendimento foi marcado para o final do dia, em nossa residência e após meu retorno do trabalho. Finíssimas agulhas eram introduzidas na cabeça de Flavia. Enquanto as agulhas ficavam lá espetadas em seu crânio, a médica, usando um bastão de artemísia, uma erva medicinal, fazia moxabustão nas costas e na barriga de Flavia. Moxabustão, para quem não sabe, é uma espécie de acupuntura térmica feita pela combustão da erva artemísia. Aceso, o bastão funciona como um charuto que deve ser aproximado do ponto ao qual se deseja acrescentar energia. Mesmo com as duas técnicas sendo aplicadas simultaneamente, passaram-se as dez sessões, e nada de Flavia reagir. Passaram-se vinte, trinta, quarenta, cinqüenta e duas sessões de aplicações de agulhas e aquecimento com o bastão ora de artemísia, ora de carvão. Nada funcionou e de novo triste e frustrada, desisti porque vi que seria inútil continuar.

A tentativa com craniopuntura em Flavia, aconteceu há quase dez anos atrás. Para ela não funcionou, e pelo alto custo e grande desconforto do tratamento que lhe foi aplicado, posso dizer com segurança que essa experiência nos foi bastante negativa. No entanto, é preciso deixar claro que não estou absolutamente falando mal da técnica. Para Flavia não funcionou, mas isto não significa que não possa funcionar para outras pessoas, dependendo do diagnóstico individual. Após a aplicação de craniopuntura em Flavia, desconheço se houve evolução da técnica e se com ela, alguém tenha sido beneficiado de forma significativa.

DE NOVO A QUESTÃO DA EXPOSIÇÃO

- 21 de setembro de 2007
Tenho recebido alguns e-mails de pessoas que discordam da existência deste blog. Na opinião dessas pessoas, estou expondo não só a mim como a minha filha Flavia. Dizem também que estou sendo ingênua em achar que o que aqui venho relatando e documentando, possa mudar algo nesta caótica situação de descaso em que se encontra o uso de piscinas de uso público e coletivo, não só no Brasil como em outros países. Também duvidam que eu possa – por meio de meu protesto – conseguir mais agilidade da justiça brasileira em conceder a indenização que venho pleiteando para Flavia há quase nove anos.

Dificilmente se consegue lutar pelo que nos é devido, sem que tenhamos que nos expor de alguma forma. Essa exposição, infelizmente é inevitável. Como posso lutar pelos direitos de Flavia sem sair do quarto dela? Como posso relatar a injustiça de uma justiça lenta se continuo calada, esperando ano após ano, que justiça se faça?!

Eu gostaria muito de que não só eu, mas como qualquer outra pessoa não precisasse criar um blog ou fazer uso de qualquer outro tipo de mídia expondo ao mundo situações dolorosas e por vezes constrangedoras, para protestar contra o desrespeito aos seus direitos, pois estes, seriam sempre respeitados. Seria muito bom que não se precisasse alertar e mostrar que pessoas continuam morrendo ou ficando com sérias seqüelas por falta de segurança nas piscinas, mas isso só não seria necessário se os responsáveis por esses locais cumprissem com sua obrigação de zelar por tal segurança.

Eu gostaria muito que não só em meu país, como em outros onde temos visto a segurança negligenciada causar acidentes graves, que houvesse uma atuação rápida e eficaz da justiça, mas enquanto isto não for uma realidade, ficar conformada, passiva, calada, é no mínimo abrir mão de minha liberdade de expressão.

PERIGO NA ÁGUA

- 13 de setembro de 2007
Este post contém trechos da entrevista que dei para o jornal O Diário de São Paulo, do dia 09/09/2007. A entrevista foi realizada por Isis Brum e a ênfase foi dada para o perigo dos ralos de piscinas.

“..... Flavia Souza Belo, 19 anos, sofreu parada cardiorespiratória depois de ter o cabelo preso no ralo da piscina do condomínio onde morava, em Janeiro de 1998. E quase morreu afogada por conta disso.

Acidentes do tipo podem acontecer em qualquer piscina, de qualquer condomínio, clube ou hotel. O perigo está nos detalhes que envolvem a instalação do ralo. Se não forem colocadas corretamente, essas peças podem funcionar como ferramentas assassinas escondidas embaixo d’água. As meninas são as principais vítimas, por terem o cabelo comprido. Os fios se enroscam e não soltam, mesmo que o motor seja desligado.

“NÃO FOI FATALIDADE, FOI NEGLIGÊNCIA".
Desde o acidente com a filha Flavia, Odele Souza enfrenta uma batalha judicial, para receber, na Justiça, uma indenização pelo acidente que, na opinião dela, poderia ter sido evitado.”Não foi fatalidade, foi negligência”. Ela processou o condomínio e o fabricante do ralo.

Segundo a mãe de Flavia, o ralo da piscina foi trocado por outro mais potente para que os moradores tivessem a água aquecida.”Não houve nenhuma consulta técnica para fazer a mudança”, diz. Para ela os ralos deveriam ter sua venda restrita, devido aos riscos que podem apresentar.

A mãe de Flavia criou um blog na Internet. (menciona o endereço deste blog) Nele Odele lista os casos semelhantes ao de sua filha, divulgados pela imprensa.”Esses acidentes são mais comuns do que se imagina”, explica ela.

Casos no exterior
Neste ano houve dois registros semelhantes no exterior. Nos EUA uma menina de seis anos teve parte dos intestinos sugados e sobreviveu com seqüelas. Na Rússia um adolescente de 14 anos morreu.

Memória

Duas morreram em Motel de Pinheiros.

Em 2005, a dona-de-casa Lucimeire Pereira dos Santos, de 29 anos, foi com o namorado ao Motel Astúrias, em Pinheiros. Seu cabelo ficou preso no ralo da piscina de uma suíte. Ela teve parada cardíaca e morreu. Quatro anos antes, uma garota de programa morreu após ter os cabelos presos no ralo de uma piscina do mesmo motel. Funcionários até cortaram seu cabelo com uma faca, mas não conseguiram salvá-la.”

*** FIM DA REPORTAGEM * **

O que é preciso e urgente, é que acidentes deste tipo causados por ralos de piscinas funcionando de forma inadequada, não continuam a fazer vítimas. E em acontecendo que os responsáveis, sejam, também com urgência, severamente punidos. Isto, todos sabemos, não depende só da atuação de um brilhante advogado, depende da atuação dos juizes.

RALO DE PISCINA - YAGO 11 ANOS, OUTRA VÍTIMA

- 7 de setembro de 2007

Hoje, documento aqui mais um caso de acidente fatal causado por RALO DE PISCINA.
O texto abaixo foi extraído do Jornal "Folha da Região", Araçatuba - São Paulo - Brasil.

 (revisando este post em junho de 2011, vi que o link da FOLHA DA REGIÃO deixou de funcionar, mas esta notícia pode ser lida também em LicitaMais Condomínios.)
Araçatuba, sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007 (COPIADO DA FOLHA DA REGIÃO)

Menino de 11 anos morre afogado O estudante Iago Pires, 11 anos, morreu afogado na tarde de quarta-feira na piscina de um clube de Promissão. Segundo relatos de usuários do clube, ele teria sido sugado pelo ralo da bomba de sucção da piscina, que estaria ligada no momento em que ele nadava. Um funcionário do clube percebeu e desligou a bomba, mas o menino já foi retirado da piscina sem vida. Banhistas ainda tentaram reanimar Iago, porém ele morreu antes de chegar ao hospital. A Polícia Civil de Promissão abriu inquérito para investigar o caso.

Como se vê, os acidentes causados pelos RALOS DE PISCINAS, continuam causando vítimas, na sua maioria crianças. Sabemos, infelizmente que os casos que vêm sendo documentados neste blog não são os únicos, já que muitos acidentes com esses ralos, acontecem e não são divulgados.

ATÉ QUANDO....?
Até quando as piscinas continuarão a funcionar sem que sejam fiscalizadas, a fim de que não mais oferecem perigo aos seus usuários?!

ATÉ QUANDO os responsáveis pela venda, instalação e funcionamento dos sistemas de sucção de piscinas, continuarão como simples expectadores dessas tragédias, sem que nada lhes sejam cobrados da justiça? JUSTIÇA...?!
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